O Jogo

“GANHAR NA TORRE FOI ESPECIAL”

João Rodrigues, vencedor da Volta, conta a história do triunfo

- CARLOS FLÓRIDO

O JOGO acompanhou ontem uma parte do dia atarefado de João Rodrigues e dos colegas da W52-FC Porto, pois na hora de receber os louros também andam juntos. E ainda vão a mais três grandes provas

João Rodrigues não mais parou desde que, ao final da tarde de domingo, vestiu na Avenida dos Aliados a sua primeira camisola amarela da Volta a Portugal, mas o carácter calmo do algarvio de 24 anos tem-no ajudado a superar os momentos de euforia sem compromete­r o que aí vem: sexta-feira parte para a Volta à Dinamarca (dias 21 a 25), depois terá o francês Tour de Poitou-Charentes (27 a 30) e só terminará a época em setembro, na Volta à China. Todas as provas têm escalão igual ou superior ao da Volta a Portugal, que ontem ainda era o grande tema.

Quando percebeu que era candidato a vencer a Volta a Portugal?

—Percebi na e tapado La rouco, quando fiquei mais perto da liderança, mas sempre com a segurança de ter o Gustavo atrás. Esse era um ponto a nosso favor, termos sempre dois atletas bem posicionad­os. Foi aí que comecei a acreditar.

E a vitória na Torre?

—Foi um momento alto, a mais bonita das vitórias por etapas que já tive. Ganharamít­ica sub ida ao al toda Torreé um momento especial, que recordarei para sempre.

Antes dessa subida não era visto como o principal candidato da equipa?...

—Naturalmen­te. Sou apenas mais um que está para ajudar, seja a liderar ou a trabalhar para os colegas. As oportunida­des foram surgindo e fui aproveitan­do.

Vencer a Volta não mudará esse estatuto?

—Vou continuar a ser a mesma pessoa. Se isto mudará algo, não sei; só o tempo o dirá.

Como foram estas horas depois da vitória?

—Muitas mensagens, telefonema­s, um dia agitado. Foi diferente, mas tenho tentado continuar relaxado e a passar o tempo com os meus colegas, pois foram eles que estiveram ao meu lado até aqui. Tenho ficado calmo e sem ligar muito às redes sociais.

Já está a pensar na próxima corrida?

—Sexta-feira já vou para a Dinamarcae depois França e China. Não posso abusar muito.

Vai tentar aproveitar a boa forma para tentar brilhar lá fora?

—Jáqueestam­osnumbommo­mento,vamostenta­r.Massabemos que é uma corrida diferente, com vento, chuva e subidas curtas e explosivas. Se calhar, não é o nosso ideal, que somos atletas mais leves e para subidas mais longas, mas vamos tentar o melhor resultado possível.

Chuva também tiveram na Volta a Portugal...

—É verdade! E chuva é coisa a que não me consigo habituar. Cá choveu, mas a temperatur­a não era baixa, na Dinamarca podemos sentir frio, o que para nós é mais complicado.

Na Volta, com a chuva, vocês tiveram a famosa queda...

—Foram os piores dias. Na etapa seguinte, doridos da queda e à chuva, com os calções a fazerem fricção nas feridas... Vá lá que conseguimo­s salvar o dia no Larouco, apesar de ter perdido aqueles 11 segundos para o Jóni.

Depois, na etapa da Senhora da Graça, a W52FC Porto jogou de forma diferente...

—Fizemos o que nos competia: atacar ao máximo para isolar o Jóni. De certa forma, conseguimo­s fazê-lo, apesar de ele ter tido sempre ajudas...

Como viu essa intervençã­o da RP-Boavista e do Sporting-Tavira, a puxar quando já não havia gente da Efapel?

—Cada um faz a sua corrida e a sua estratégia. Nós fizemos o que nos competia, e cada um joga com as cartas que tem.

A Senhora da Graça gerou um inédito empate na liderança antes do contrarrel­ógio do Porto. Como encarou o último dia?

—Tinha confiança. O último contrarrel­ógio da Volta depende sempre da capacidade de re

“Tenho 24 anos e diz-se que o pico de um ciclista é entre os 28 e os 30, portanto tenho muito a melhorar”

“Vou continuar a ser a mesma pessoa. Se isto mudará algo, não sei; só o tempo o dirá”

“Percebi que poderia discutir a Volta na etapa do Larouco”

cuperação de cada atleta, pois já se passaram muitos dias. No ano passado tinha sido segundo e ganhando tempo ao Jóni. Consegui repeti-lo.

O “partir à morte” era o segredo?

—Uma das partes mais duras era a inicial, tinha de ser feita assim. Depois seguia-se uma zona mais técnica, que nos permitia respirar um pouco, e o final para dar tudo até aos Clérigos. Eram essas as chaves.

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