O Jogo

Malcom até já admite vir a jogar pela Rússia

O brasileiro assinou pelo Zenit e já enfrentou faixas e cartas de repúdio dos adeptos, mas para já prefere passar ao lado

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Brasileiro foi referido como vítima de racismo mal assinou pelo Zenit, ainda nem sequer tinha sido apresentad­o. Agora deu uma entrevista a acusar a Imprensa brasileira de “criar uma mentira”

O extremo brasileiro Malcom, de 22 anos, que trocou o Barcelona, de Espanha, pelo Zenit de São Petersburg­o, da Rússia, começou a ser contestado pelos adeptos do clube mesmo antes de ser apresentad­o como reforço. O clube tem uma franja de apoiantes declaradam­ente racistas que pressionou a Direção do clube para não o contratar. Isto numa primeira fase, porque na seguinte queriam que fosse vendido mesmo antes de jogar ou o mais tardar em janeiro. Uma semana depois de ter chegado, e após estrear-se frente ao Krasnodar tendo feito apenas um treino, foi o próprio Malcom, a quem o pai deu o nome em homenagem ao ativista negro norte-americano Malcolm X, a contar uma história diferente.

Em entrevista ao site russo “Sport24”, abordou os primeiros dias no clube, falou de boatos e anunciou o propósito de fazer história no Zenit ou mesmo de poder vir a jogar pela seleção da Rússia.

No jogo de estreia, uma das claques organizada­s do Zenit afixou nas bancadas uma faixa sarcástica – “Obrigado à Direção por se manter fiel às nossas tradições” –, referindo-se apenas à tradição de não contratar negros, mas houve mais: uma carta vincava o repúdio. “Agora, os jogadores negros de futebol estão a ser impostos quase pela força ao Zenit. E isso causa apenas uma reação adversa. Deixem-nos ser quem somos.”

Foi a agência Ria Novosti a noticiar a hipótese de Malcom ser negociado na próxima janela de mercado, mas a pergunta feita pelo site “Sport24” arranjou um modo convenient­e de abordar o tema, em vez de lhe fazer a pergunta direta. A questão foi a seguinte: “A Imprensa brasileira vem discutindo rumores nos últimos dias de que você não foi bem recebido pelos torcedores e que poderia supostamen­te deixar o Zenit em janeiro.”

Malcom começou por dar uma resposta politicame­nte correta: “Quero ficar no Zenit. Cumprir o meu contrato, fazer história. O que eles falam no Brasil é mentira. Estou feliz no Zenit, este é um momento importante para mim. Como disse, quero fazer história aqui.”

E a seguir terá exagerado na forma de querer agradar. Quando lhe perguntara­m se, quem sabe um dia, poderia seguir o exemplo dos compatriot­as Ari (Krasnodar), Mário Fernandes (CSKA) ou Guilherme (Lokomotiv) e naturaliza­r-se russo, deixou a hipótese em aberto: “Não sei, tudo pode acontecer. Se o Brasil não me convocar e a Rússia mostrar interesse, tudo pode acontecer.”

Malcom revelou que teve algumas conversas com Vágner Love, ex-colega de equipa no Corinthian­s que teve duas passagens pelo CSKA Moscovo. “Ele disse-me que às vezes as coisas não são fáceis, mas acrescento­u que eu tenho sorte, porque a Rússia tem um bom futebol e torcedores acolhedore­s, quase como os brasileiro­s.”

Sobre a transferên­cia para o Zenit, Malcom disse ter-se sentido atraído pela Liga dos Campeões: o Zenit tem acesso direto à fase de grupos e colocação garantida no pote 1 do sorteio.

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Malcom estreou-se com a camisola do Zenit frente ao Krasnodar

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