ASSALTO RUSSO DEIXA ROMBO DE MILHÕES
GOLPE Ingénuo a defender a vantagem conseguida na Rússia, e após uma primeira parte terrível, FC Porto foi obrigado a dizer adeus à Champions. Sobra a Liga Europa...
Três golos em pouco mais de meia hora custaram ao FC Porto a hipótese de lutar pela entrada na Liga dos Campeões. Sérgio Conceição rejeitou o fio da navalha, mas é inegável que tem uma equipa em obras
A entrada em falso no jogo e uma primeira parte medonha, com três golos sofridos quase de rajada, custaram ao FC Porto uma derrota dura de consequência dupla: desportiva e financeira. A época ainda mal começou e os dragões já foram forçados a dizer adeus à elite europeia, interrompendo o hábito de ter, nesse particular, um comportamento à altura dos pergaminhos e, sobretudo, das necessidades ditadas por contas sob vigilância. Desta vez, o objetivo falhou. E falhou com estrondo, em resultado de uma ingénua acumulação de erros que, apesar do esforço final, não permitiram segurar a vantagem conquistada na Rússia. Juntando ao barulho o percalço de Barcelos, sobra uma dúvida óbvia: afinal, que FC Porto é este?
É claramente um FC Porto em obras e neste jogo foi, antes de mais, uma equipa confusa. O golo sofrido logo a abrir acelerou essa convicção,é verdade, mas os sinais confirmaram-se nos minutos seguintes.Anárquicos nas movimentações, os portistas espalharam-se no relvado como uma manta de retalhos mal costurados. Sérgio Conceição misturou na cartola uma combinação nova, isto em comparação com apostas anteriores, e do improviso não saiu nenhum golpe mágico. Disponível, o alicerce Danilo talvez tenha estimulado essa aposta num onze mais criativo, aparentemente talhado para controlar a bola e o jogo à boleia da habilidade de Corona, Nakajima ou Luis Díaz. A ilusão duraria pouco, porque bem reais iam sendo os buracos de uma defesa que estreou Saravia e que sofreu de desorientação crónica. Resumindo o comportamento numa fórmula, dá mais ou menos isto: primeiro, segundo e terceiro ataques do Krasnodar igual a três golos, saldo defensivo inadmissível para um candidato à liga dos milhões.
Os alarmes apitavam com estridência e Conceição tentou emendar o caos. Sacrificou Saravia, baixou Corona para lateral e desviou Nakajima das costas de Marega para o flanco direito, atirando Zé Luís para a área. Não houve tempo para se perceber os efeitos dessa mudança até ao intervalo e uma lesão de Sérgio Oliveira logo a abrir a segunda parte obrigou o treinador a redesenhar o meio-campo com Uribe. As coisas continuavam mal, olhando apenas para o resultado, e estiveram a um pé de ficar piores quando, com o caminho livre, Berg esbarrou em Marchesín. O quarto golo esfumou-se e, coincidência ou não, esse aviso despertaria os dragões. A cabeça de Zé Luís encontrou, enfim, o caminho do golo e, embalado por bancadas prontas a acreditar num milagre, o FC Porto entrou num período mais acertado, forçando as aproximações à baliza de Safonov.
Houve alguma cerimónia e também muita precipitação nos remates, mas o tão desejado segundo golo apareceria a tempo de manter intocável a fé. Obra de Luis Díaz, com assistência de Corona. “Só mais um”,pedia-senabancada,mas teria sido sensato acrescentar “e não sofram mais nenhum, se faz favor”, porque um deslize de Nakajima, que falhou um corte, deixou o Krasnodar outra vez a cheirar o golo. Stotsky terá ficado surpreendido com a oferta do japonês, mas a continuidade dos portistas na Champions parecia irremediavelmente condenada. Já mandava mais o coração do que a cabeça e nem a entrada de Aboubakar estimulou um chuveirinho final para a área.
À falta desse chuveirinho, sobrou um enorme balde de água fria no Dragão.