Reconstrução embrulhada
Há coisas que parecem inexplicáveis mas, na verdade, têm explicação. É que o resultado é sempre aleatório, mas o jogo em si não tanto. E, ao intervalo, o FC Porto perdia por inexplicáveis 3-0, três remates deram três golos, é um facto, mas o FC Porto não conseguiu sequer criar uma verdadeira oportunidade. E na segunda, com grande envolvência do público, com ritmo muito alto, sim, marcou dois golos mas não teve muito mais oportunidades. Trabalhar muito e produzir pouco. Dois fatores essenciais, na minha opinião: cinco jogadores diferentes em relação ao jogo de sábado em Barcelos, com Díaz, Nakajima e Saravia a titulares, os dois últimos nem para o banco tinham ido na primeira mão. E como tudo correu mal: as desatenções, a incapacidade para perceber o que são estas partidas de Champions, em que antes de se jogar bem é preciso não cometer erros. E erros cometeram todos, mas alguns, como Nakajima,
demasiados, com muitas más decisões. Se há algo que define as competições europeias, é que é decisivo não cometer erros. Sobretudo erros não forçados. Se os quiserem contar... A conclusão tem de ser uma: a 13 de agosto, o FC Porto que se viu nos três jogos oficiais não tem nível de Champions. A partir daí é preciso tomar decisões consequentes e confesso que percebi melhor a equipa que Sérgio Conceição escolheu em Krasnodar, sem reforços estrangeiros (tirando Marchesín) e com Baró, do que a de ontem. Para um jogo desta importância, dispensar Soares é incompreensível; Aboubakar ainda nem está em condições. Esta foi uma noite que tem responsáveis, claro, que vão da administração, que tomou decisões tarde e mal, ao treinador e aos jogadores, como é óbvio. O scouting do FC Porto serve para alguma coisa, tem uma palavra a dizer nos jogadores que se contratam? Tenho dúvidas. Mas Sérgio Conceição vai ter de mudar de ideias. Claro que ontem colocou uma equipa mais criativa, mas não sou o único a pensar que Nakajima, nesta forma de jogar, só em corrida e cruzamentos, vai ter pouco espaço. Mas custou 12 milhões. Não é mau jogador, claro que não, mas não parece é adaptar-se a esta forma de jogar. Para já tem de perceber que, no FC Porto, antes de mais, o valor se define pelos erros que se cometem. Não é o único, de resto. A reconstrução que Sérgio Conceição sabia que tinha de fazer ainda está atrasada e, pior, está embrulhada. Demasiado para a Champions. Para o resto, vamos ver.
A reconstrução que Sérgio Conceição sabia que tinha de fazer está atrasada e, pior, embrulhada. Demasiado para a Champions. Para o resto, vamos ver