O Jogo

Reconstruç­ão embrulhada

- Manuel Queiroz

Há coisas que parecem inexplicáv­eis mas, na verdade, têm explicação. É que o resultado é sempre aleatório, mas o jogo em si não tanto. E, ao intervalo, o FC Porto perdia por inexplicáv­eis 3-0, três remates deram três golos, é um facto, mas o FC Porto não conseguiu sequer criar uma verdadeira oportunida­de. E na segunda, com grande envolvênci­a do público, com ritmo muito alto, sim, marcou dois golos mas não teve muito mais oportunida­des. Trabalhar muito e produzir pouco. Dois fatores essenciais, na minha opinião: cinco jogadores diferentes em relação ao jogo de sábado em Barcelos, com Díaz, Nakajima e Saravia a titulares, os dois últimos nem para o banco tinham ido na primeira mão. E como tudo correu mal: as desatençõe­s, a incapacida­de para perceber o que são estas partidas de Champions, em que antes de se jogar bem é preciso não cometer erros. E erros cometeram todos, mas alguns, como Nakajima,

demasiados, com muitas más decisões. Se há algo que define as competiçõe­s europeias, é que é decisivo não cometer erros. Sobretudo erros não forçados. Se os quiserem contar... A conclusão tem de ser uma: a 13 de agosto, o FC Porto que se viu nos três jogos oficiais não tem nível de Champions. A partir daí é preciso tomar decisões consequent­es e confesso que percebi melhor a equipa que Sérgio Conceição escolheu em Krasnodar, sem reforços estrangeir­os (tirando Marchesín) e com Baró, do que a de ontem. Para um jogo desta importânci­a, dispensar Soares é incompreen­sível; Aboubakar ainda nem está em condições. Esta foi uma noite que tem responsáve­is, claro, que vão da administra­ção, que tomou decisões tarde e mal, ao treinador e aos jogadores, como é óbvio. O scouting do FC Porto serve para alguma coisa, tem uma palavra a dizer nos jogadores que se contratam? Tenho dúvidas. Mas Sérgio Conceição vai ter de mudar de ideias. Claro que ontem colocou uma equipa mais criativa, mas não sou o único a pensar que Nakajima, nesta forma de jogar, só em corrida e cruzamento­s, vai ter pouco espaço. Mas custou 12 milhões. Não é mau jogador, claro que não, mas não parece é adaptar-se a esta forma de jogar. Para já tem de perceber que, no FC Porto, antes de mais, o valor se define pelos erros que se cometem. Não é o único, de resto. A reconstruç­ão que Sérgio Conceição sabia que tinha de fazer ainda está atrasada e, pior, está embrulhada. Demasiado para a Champions. Para o resto, vamos ver.

A reconstruç­ão que Sérgio Conceição sabia que tinha de fazer está atrasada e, pior, embrulhada. Demasiado para a Champions. Para o resto, vamos ver

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