Contas certas rimam com mentes abertas
N um país e numa SAD desportiva, as contas certas não são apenas as contas que terminam com saldo nulo ou positivo, são também aquelas que preparam o futuro. Num clube, o lucro serve para pagar passivo e serve igualmente para melhorar a prestação desportiva, reforçando o plantel. Campeões em 2017/18, com lucro em 2018/19, esperamos terminar 2019/20 reforçados e campeões, porque essa será também a maneira mais eficaz de evitar o regresso aos prejuízos por termos falhado a entrada na Liga dos Campeões. Contas certas têm de rimar com mentes abertas, aquelas que não se coíbem de transformar todos os problemas em belíssimas oportunidades. Na próxima época, ser bicampeão também deveria rimar com jogadores da formação.
Sendo evidente para todos que as dezenas de milhões de euros que não vão entrar por via das competições europeias terão de ser compensadas pela venda de passes dos jogadores, parece igualmente certo que falhando a montra da Champions para revelar alguns dos nossos melhores talentos, eles só se valorizam com uma boa prestação na Liga Europa e, sobretudo, ganhando a principal competição interna.
Marchesin, Díaz, Uribe ou Nakajima, entre os que chegaram este ano, podem vir a representar mais-valias, mas também há Telles, Danilo, Marega, Aboubakar, Soares ou Corona, entre os que já cá estavam, com potencial para ajudar o FC Porto a realizar a receita de que necessita para cumprir o fair play financeiro a que estamos obrigados pela UEFA. Acrescem os jogadores da formação (os três Diogos – Costa, Leite e Queirós –, o Tomás Esteves, o Baró, o Fábio Vieira, o Fábio Silva, que ainda na sextafeira marcou três golos à Itália, ou o Afonso Sousa), mas era com esses feitos campeões da Liga NOS que eu gostava de acertar contas com a felicidade que me faltou na época passada.
Estando obrigados a fazer dinheiro com a venda de passes de jogadores, isso não tem de significar obrigatoriamente que vamos ficar mais fracos no ataque ao campeonato seguinte. Todos pensamos que sem grande dinheiro para atacar o mercado, depois de perder Herrera e Brahimi a custo zero, seria impossível reforçar a equipa. No entanto, Uribe e Diaz são verdadeiros reforços. Ainda mais espantoso é termos encontrado em Marchesin, o melhor substituto possível para o grande Casillas.
Desejo toda a sorte do mundo a quem na administração tem de fazer esta quadratura do círculo e confio em Sérgio Conceição para tirar o melhor de cada um dos que agora estão e dos que vão ficar no futuro. Como adepto do FC Porto, insisto, gostaria de poder fazer uma equipa com base na formação, mas sei que isso não é mais importante do que ser campeão e jogar a Champions. Mas se os “putos” são campeões nacionais e campeões da Europa é porque têm muito mérito. Ainda bem que não é proibido sonhar. Somos Porto!
Falhando a Champions, os nossos talentos só valorizam com boa Liga Europa e, sobretudo, ganhando a Liga