O Jogo

E SAIU FAENA COM DIREITO A RABO E ORELHA

Detentor do troféu caiu com estrondo de forma justa perante ribatejano­s talhados para outros voos. Nem os olés aos 60’ espicaçara­m os forasteiro­s...

- Textos RUI MIGUEL GOMES

Alex Apolinário foi chave e inspiração na noite trágica para os homens de Silas. Este poupou titulares, mas escalou um onze que esteve quinze dias a trabalhar consigo na Academia e pouco se viu

Perdoem os opositores das lides tauromáqui­cas, sem querer ferir qualquer convicção individual de cada um dos nossos leitores, mas ontem, em terras ribatejana­s, onde as mesmas são tradição e parte da cultura, assistiu-se no campo figurativo a uma bela faena que teve direito a rabo e orelhas. Só faltou mesmo que os homens da casa saíssem literalmen­te em ombros depois de terem humilhado – acredite-se que não é qualquer exagero – um Sporting perdido, sem qualquer nexo nos processos ofensivos, onde nem o Bruno Fernandes conseguiu evitar o que se foi tornando inevitável muito antes do término do encontro.

Foi justo o triunfo doAlverca, eloquente e incisivo na estratégia adotada, procurando esconder as suas insuficiên­cias e, sobretudo, ciente de que forma poderia surpreende­r um oponente passivo, que procurou uma rotação de unidades que o deixou cambaleado. Mas Silas, diga-se, apresentou onze jogadores que estiveram quinze dias a trabalhar consigo na Academia, todos eles ausentes das convocatór­ias das respetivas seleções, todos eles – sublinhado até pelos próprios – beberam os novos ensinament­os do treinador, porém, ontem, pouco ou nada se viu. Quem pretendia agarrar oportunida­des para se afirmar, caso de Jesé,porexemplo,perdeutemp­o e espaço para o fazer, apenas Luciano Vietto teve ponta de inconformi­smo entre os sinais trágicos no Ribatejo. Vasco Matos, técnico dos da casa, encaixou o seu 4x4x2 no 4x3x3 de Silas, com o simples e vital recuo do segundo avançado – homem de qualidade para outros voos, como, aliás, mais dois ou três, pelo menos – Alex Apolinário para a linha de quatro, pressionan­do e vigiando Doumbia, condiciona­ndo parte da construção de uma formação que tinha também nesse processo Eduardo. Porém, Alex Apolinário não se ficou por aí e o golo que marcou, a forma como o fez, com violência no remate, acutilânci­a no movimento perante... Doumbia, foi inspiração para a noite de pesadelo forasteiro.

Galvanizad­os e em vantagem, os da casa baixaram linhas, reduziram espaços e as soluções dos verdes e brancos foram... nulas. Silas ainda viu Luís Maximiano evitar o segundo golo ao Alverca, depois de uma esplêndida bicicleta (!) de Erick Mendes no coração da grande área após lance de bola parada estudada – um paradigma para uns e uma miragem para outros. Apertado, Silas puxou de Bruno Fernandes ao intervalo, abdicando de Eduardo e deixando o inócuo Miguel Luís em campo. Mas sentia-se a parca capacidade de resposta entre os leões aos desafios impostos pela organizaçã­o de Vasco Matos. Luan acentuou as diferenças e aí entraram outros habituais titulares, casos de Acuña e Bolasie, no entanto, apesar de alterar caracterís­ticas de atletas, o figurino tático dos leões manteve-se durante vários minutos, até ao desespero final.

Certo é que a cada contraried­ade, lance perdido, o molho de jogadores equipados à Stromp foi deixando cair os braços, dando-se à derrota, pese duas ou três oportunida­des de golo, uma delas um livre de Bruno Fernandes à barra. Mas o desnorte falou sempre mais alto, ouviu-se “olés” dos adeptos da casa a partir dos 60’, pedidos de mais golos daí em diante, gritos dos sportingui­stas a exigir que os atletas “jogassem à bola” e nada disso serviu para espicaçar e injetar uma ponta de competitiv­idade aos leões. Assim caiu o detentor do troféu...

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Acuña foi lançado por Silas aos 58’, sem efeito
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