José Mourinho de volta ao seu real espaço
1José Mourinho reentra no futebol inglês no tempo e no espaço certos, depois de um afastamento mais ou menos longo, julgo que também por opção, uma vez que teve anteriormente outras possibilidades de regressar, quer ao próprio futebol inglês quer a outros campeonatos europeus. Percebe-se que estava cansado de esperar pelo momento e pelo clube certos, que chegaram de forma inesperada, até pelo que o Tottenham tem feito no último ano, mas com tudo para dar o abanão de que a equipa precisa para mostrar por que é a vicecampeã europeia. E regressou como se estivesse a dirigir um jogo pela primeira vez, um treino pela primeira vez. O seu entusiasmo parece mais o de um júnior que se está a estrear pelos seniores, o que, de alguma forma, diz bem da revolta que o consumia pela forma como saiu do Manchester United, onde teve um lado negativo daquilo a que habituou os adeptos do futebol. José Mourinho não teve um percurso normal. Chegou a Inglaterra para o Chelsea depois de ter conquistado a Taça UEFA e a Liga dos Campeões pelo FC Porto e com a coragem de dizer que era um treinador especial, com a coragem que teve de enfrentar as dúvidas lançadas sobre um jovem treinador que dizia que estava ali para vencer, como venceu, ali, na pátria do futebol, onde tudo é escrutinado ao pormenor. Foi assim que ele nos habituou, a vê-lo vencer. São os títulos que alimentam este treinador português.
2Chega agora ao Tottenham para um grande desafio. A última imagem que ficou foi a de Mourinho à frente do United, mas todos sabemos que o United de hoje não é o de outros tempos. E regressa ao futebol inglês com uma carga menos pesada. É verdade que todos estão à espera de que ele vença, de que o Tottenham volte aos primeiros lugares do campeonato, mas não é uma equipa criada por ele de raiz, o que desde logo o liberta de alguma pressão, como a que teve quando pegou no Manchester.
Mais do que no Tottenham, ontem todos os olhos estavam sobre Mourinho, na expectativa de perceber como seria a sua estreia depois de dois dias de trabalho. E a verdade é que deu à equipa tudo aquilo de que ela necessitava: agilidade, pressão, domínio, o que conseguiu durante 60 minutos, deixando uma imagem muito positiva. Essa ausência de pressão de que falei vai dar-lhe tranquilidade para poder trabalhar a equipa, para poder estruturála segundo as suas ideias, para conhecer bem os jogadores ao seu dispor.
Mourinho ama o futebol inglês e julgo que os ingleses estão, de uma forma geral, contentes por o ter de volta, um sentimento, aliás, demonstrado por outros treinadores da Premier League. É um desafio tremendo, não há dúvida, porque, como referi, todos estão à espera de que Mourinho volte a vencer. Também ele... E para já regista-se uma postura diferente, que foi visível no jogo de ontem. No final do encontro ficou no relvado – normalmente saía logo que o árbitro apitava para o final – e deixou-o acompanhado de dois jogadores que foram importantes na partida, Son e Alli. O ADN, como ele próprio disse, não mudou, mas alguns comportamentos serão naturalmente diferentes, porque a experiência vale muito.
Mais do que no Tottenham, ontem todos os olhos estavam em José Mourinho
O ADN não mudou, mas alguns comportamentos serão naturalmente diferentes, porque a experiência vale muito