Desenrascanço entre duas línguas
“Nunca pensei sair do Porto. Sinto-me deslocado e triste por não poder estar em Portugal, mas o fator económico pesa”
Ivo Rodrigues Jogador do Antuérpia
Em Antuérpia prevalece um idioma que Ivo não domina. No balneário as coisas melhoram
Os quatro golos marcados em 12 jogos são o melhor registo de Ivo Rodrigues na Bélgica. Jogador confessa-se “triste” e por não poder estar no Porto e para matar saudades até francesinhas cozinha.
Tem quatro golos em 12 jogos e esta é, desde logo, a melhor marca pessoal na Bélgica. Conta superar o máximo de golos (12) numa só época?
—Os doze golos foram conseguidos no FC Porto B, numa época (2014/15) em que tínhamos uma boa equipa, embora não tenhamos feito um grande campeonato. Na altura, houve uma onda de lesões e o Luís Castro colocou-me a ponta de lança. Além disso, é óbvio que é mais fácil fazer esses golos na II Liga. Na Bélgica, o futebol é muito tático e eu nem jogo a extremo, jogo a médio-ala que é quase um lateral-esquerdo. Agora, se me pergunta se posso lá chegar? É claro que sim.
Quais foram as dificuldades que encontrou, quando se mudou para Antuérpia?
—Na cidade só se fala neerlandês e a segunda língua é o inglês. Porém, no clube falamos francês e isso facilita-me a vida, pois não sei falar neerlandês. As maiores dificuldades acabam por ser familiares. Moro aqui apenas com a minha namorada, sempre fui uma pessoa de família e nunca pensei sair do Porto. Sintome deslocado e triste por não poder estar em Portugal, mas tenho objetivos de vida e não escondo que o fator económico é o que mais pesa. A alimentação foi outra novidade, estava habituado a comer as nossas massas e aqui eles usam muito os legumes misturados com outros molhos.
A francesinha também faz falta?
—Faz [risos]. Mas às vezes faço aqui e também há restaurantes portugueses.
Os emigrantes portugueses são seus fãs?
—Os fãs que tenho são mais belgas,mastambémjáfizamizades com alguns emigrantes portugueses.