“Sem emoção, este negócio perde valor”
Diretor de Desporto da Agência EFE, Luis Villarejo, fala sobre o impacto dos cenários fiscais no futebol
Luis Villarejo, diretor editorial de Desporto da Agência EFE, de Espanha, testemunhou a O JOGO as preocupações da liga do país vizinho sobre a redução fiscal que os italianos aplicaram ao futebol profissional :“É verdade que J avier Tebas, presidente de La Liga está muito preocupado com este assunto. A indústria do futebol em Espanha equivale a 1,37 por cento do PIB (Produto Interno Bruto). Por isso, considera que se trata de um sector que deve ser protegido, não descuidar e estar com atenção a outros mercados, como o italiano, que aplicam medidas mais leves no que diz respeito à retenção fiscal dos futebolistas profissionais.”
“Tebas pediu à Hacienda (ministério das Finanças espanhol) que aprecie com rigor este assunto. O desconto fiscal em Itália afeta todo o mercado espanhol, sobretudo os clubes da chamada classe média, não os grandes. Tebas não quer – seria um retrocesso para o valor da competição – que esses clubes possam perder jogadores como, por exemplo, o internacional Iago Aspas, do Celta de Vigo”, exemplificou.
O jornalista, profundo conhecedor da indústria do futebol espanhol, argumentou ainda: “Esse perfil de futebolistas com categoria, que não chegam a um grande como o Barcelona, Real ou Atlético de Madrid, deve permanecer em Espanha para tornar o campeonatomais competitivo. E ao ser mais forte, aumenta mas receitas de bilheteira e de televisão. Sem emoção, sem igualdade – mais ou menos – a Liga, como negócio, perde valor.”
E deu um exemplo: “Há dois anos, o Bétis perdeu Fabián, então sub-21, que hoje é titular indiscutível da seleção. Foi para o Nápoles. O típico caso de um jogador médio com projeção, que um melhor regime fiscal permite ir buscarà formação,mesmo a um clube com dimensão social em Sevilha.” Espanha experimentou, em 2005, uma medida semelhante à dos italianos. Atualmente suspensa, merece de Villarejo a seguinte opinião: “A Lei Beckham foi feita para favorecer futebolistas. Apareceu com o pressuposto de captar talento, competências de gestão e científicas de todos os que mudassem a sua residência para Espanha e assim desfrutassem das vantagens fiscais. A sociedade civil aceitou a sua entrada em vigor porque, à partida, não se destinava apenas ao futebol, mas sim para reanimar a economia nacional.”