O Jogo

A importânci­a do treinador

- Samuel Almeida

Quanto vale hoje Domingos Duarte? Ninguém conseguiri­a domar e endireitar Matheus Pereira? E Ivanildo? E Gelson Dala?

J orge Jesus está a demonstrar a importânci­a decisiva da liderança e de um bom treinador na condução de um grupo de trabalho. Jesus transformo­u o futebol do Flamengo, tendo entrado a meio da época com 8 pontos de atraso e vai ser campeão do Brasil. Se vencer a Libertador­es entra no Olimpo do futebol brasileiro e volta a ser candidato a um lugar de sonho num dos grandes europeus. Aliás, a saída de Jesus de Alvalade na sequência do descalabro dos últimos meses de mandato de Bruno de Carvalho foi um desastre para o projeto desportivo do clube. Jesus faz falta ao futebol português e ao Sporting, onde espero que possa regressar pela porta grande para concretiza­r o sonho de seu pai em ser campeão em Alvalade – algo que esteve para conseguir na sua primeira época e que não sucedeu por erros crassos de política desportiva (a saída de Montero a meio da época) e de liderança. A Jesus falta humildade, é certo, mas bem enquadrado, é um daqueles treinadore­s que fazem a diferença e transforma­m jogadores e, por inerência, o futebol de suas equipas.

Aproxima-se o mercado de inverno e confesso que estou curioso para perceber qual a estratégia a ser seguida pela administra­ção da SAD sportingui­sta. As sucessivas notícias na imprensa apontam para a necessidad­e de vender, o que não deixa de ser curioso para uma administra­ção que se vangloriou do sucesso financeiro do mercado de verão. Com efeito, não tendo ocorrido nenhum facto passível de impactar decisivame­nte as receitas estimadas da época, não deixa de ser estranho esta necessidad­e premente de vender para fazer face a despesas de tesouraria. Aliás, vender ativos para pagar despesas correntes e a gestão do passivo de curto prazo não deixa de ser um mau presságio para o que aí vem e vem dar razão àqueles que sustentam que o clube deveria ter emagrecido o seu orçamento, dado dois passos atrás e assumir a reconstruç­ão do futebol leonino. Os 60 M€ de orçamento não permitem competir de igual para igual com os nossos rivais e esta época não deixa de ser uma época perdida, em que não se entende qual a política desportiva e de contrataçõ­es. Aliás, desde que esta administra­ção está em funções o clube já investiu mais de 35 M€ em contrataçõ­es e tirando Vietto e talvez Camacho, não se vislumbra nenhuma contrataçã­o capaz de trazer de imediato rendimento desportivo ou serem maisvalias a médio prazo. Boa parte das contrataçõ­es são um desastre total, numa demonstraç­ão evidente de planeament­o deficiente e incapacida­de total de atuar no mercado. E a prova do que afirmo está, ainda, nas saídas de vários jovens, que o Sporting despachou por meia dúzia de tostões. Esta administra­ção comunica mal, compra mal e vende pior. Quanto vale hoje Domingos Duarte? Ninguém conseguiri­a domar e endireitar Matheus Pereira? E Ivanildo? E Gelson Dala? Todos estes erros denunciam uma total ausência de política desportiva, o que não augura nada de bom para o que aí vem, em que mais cedo ou mais tarde se vai vender Bruno Fernandes e talvez Acuña ou Wendel. Aguardemos, mas ao contrário do que a narrativa oficial pretende passar, o problema não foi a saída de Raphinha, Nani, Montero e Dost, mas o desastre total de quem os veio substituir. Tirando Vietto, nenhum dos supostos reforços tem qualidade para os substituir. E Silas já o percebeu e está progressiv­amente, e bem, a fazer subir os miúdos da formação.

As sucessivas vitórias europeias enchem os sportingui­stas de orgulho e demonstram o papel ímpar do Sporting no panorama desportivo nacional e na promoção do desporto. Não posso deixar de felicitar expressame­nte o Miguel Afonso por manter o que estava bem e a aposta no ecletismo, bem como a Miguel Albuquerqu­e que tem demonstrad­o inequívoco­s méritos na gestão e planeament­o das modalidade­s. Talvez um destes dois merecesse o Prémio Stromp, mas como o critério seguido é de premiar os presidente­s – como o foram Godinho Lopes e Bruno de Carvalho – aceita-se o mesmo, esperemos apenas que este não acabe destituído e expulso.

Rui Santos anunciou no seu programa a criação de um grupo de reflexão liderado pelo meu bom amigo Agostinho Abade, um grande sportingui­sta. Todos os contributo­s são bem-vindos, mas a forma de anúncio e o secretismo sobre os membros integrante­s não são um bom ponto de partida.

 ??  ??
 ??  ?? Rugidos do leão
Rugidos do leão

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal