Encurtar distâncias para a concorrência é possível
Esta semana, pudemos ler mais uma entrevista de Carlos Freitas, o diretorgeral prometido por Miguel Pinto Lisboa e que efetivamente chegou a Guimarães de armas e bagagens após a vitória deste nas eleições. Independentemente da avaliação que se faça do seu trabalho (e quanto a isso, ainda é muito cedo para conclusões definitivas), a chegada de Freitas representa uma novidade em Guimarães. Pela primeira vez, o clube contratou um profissional com passagens por outros clubes em Portugal e no estrangeiro para gerir o seu futebol. A entrevista, como outras anteriores, é interessante de se ler. Nela se fala de como o projeto “Vitória” está atrasado em relação ao de outros clubes, o que é uma realidade. Com efeito, a grande mudança estrutural no Vitória aconteceu com a profissionalização da sua gestão. Ora, quando a Direção anterior optou por esse caminho, outros já o trilhavam há bastante mais tempo. Partimos atrás. É essa profissionalização que leva à consolidação do sucesso de um emblema, eé a consolidação desse sucesso que nos leva à tal maturidade que nos faltou, por exemplo, no jogo disputado contra o rival Braga. Freitas refere (e bem) que o Vitória já tinha disputado jogos de grau de dificuldade elevada, como os da Luz ou no Emirates, ou no Dragão. A diferença é que neste a pressão e obrigação de ganhar estava do nosso lado. É como ele diz, a maturidade nada tem a ver com ter jogadores de 18 ou 33 anos, mas, acrescento eu, tem a ver com uma cultura de vitória que leva tempo a construir. O importante, quanto a isso, é saber para onde se vai e o caminho que no médio e longo prazo queremos percorrer. Ora, como diz o diretor-geral, a primeira etapa dele tem de passar por “encurtar distâncias para os clubes que, cronicamente, têm ficado à nossa frente.” Isso tem de ser feito apesar da crónica falta de dinheiro o que, não sendo fácil, é, todavia, possível. Gostei também das declarações que fez acerca dos erros dos árbitros, adotando um discurso nada populista, mas antes realista. Há muito que o digo: os erros acontecem mais quando a qualidade dos árbitros é fraca. Ponto final. Carlos Freitas tocou ainda na magna questão vitoriana dos emprestados, assunto em que, efetivamente, parece haver aqui uma viragem face à prática do passado. Resta saber se algumas opções que existem sobre alguns dos jogadores que chegaram a Guimarães são minimamente realistas. Na entrevista diz-se que não são de 10/12 milhões. Mas se forem de 3 ou 4 o Vitória consegue comprar? Finalmente, um ponto onde estou absolutamente de acordo. Há quem ache que formação é só aquilo que formamos dentro de portas, com base em produto local, mas nos dias de hoje o mercado é global pelo que devemos recrutar qualidade, ainda que em bruto, onde quer que ela se encontre. Não nos temos dado mal com isso, pois não?
Nos dias de hoje o mercado é global, pelo que devemos recrutar qualidade, ainda que em bruto, onde quer que ela se encontre