O Jogo

Encurtar distâncias para a concorrênc­ia é possível

- José João Torrinha

Esta semana, pudemos ler mais uma entrevista de Carlos Freitas, o diretorger­al prometido por Miguel Pinto Lisboa e que efetivamen­te chegou a Guimarães de armas e bagagens após a vitória deste nas eleições. Independen­temente da avaliação que se faça do seu trabalho (e quanto a isso, ainda é muito cedo para conclusões definitiva­s), a chegada de Freitas representa uma novidade em Guimarães. Pela primeira vez, o clube contratou um profission­al com passagens por outros clubes em Portugal e no estrangeir­o para gerir o seu futebol. A entrevista, como outras anteriores, é interessan­te de se ler. Nela se fala de como o projeto “Vitória” está atrasado em relação ao de outros clubes, o que é uma realidade. Com efeito, a grande mudança estrutural no Vitória aconteceu com a profission­alização da sua gestão. Ora, quando a Direção anterior optou por esse caminho, outros já o trilhavam há bastante mais tempo. Partimos atrás. É essa profission­alização que leva à consolidaç­ão do sucesso de um emblema, eé a consolidaç­ão desse sucesso que nos leva à tal maturidade que nos faltou, por exemplo, no jogo disputado contra o rival Braga. Freitas refere (e bem) que o Vitória já tinha disputado jogos de grau de dificuldad­e elevada, como os da Luz ou no Emirates, ou no Dragão. A diferença é que neste a pressão e obrigação de ganhar estava do nosso lado. É como ele diz, a maturidade nada tem a ver com ter jogadores de 18 ou 33 anos, mas, acrescento eu, tem a ver com uma cultura de vitória que leva tempo a construir. O importante, quanto a isso, é saber para onde se vai e o caminho que no médio e longo prazo queremos percorrer. Ora, como diz o diretor-geral, a primeira etapa dele tem de passar por “encurtar distâncias para os clubes que, cronicamen­te, têm ficado à nossa frente.” Isso tem de ser feito apesar da crónica falta de dinheiro o que, não sendo fácil, é, todavia, possível. Gostei também das declaraçõe­s que fez acerca dos erros dos árbitros, adotando um discurso nada populista, mas antes realista. Há muito que o digo: os erros acontecem mais quando a qualidade dos árbitros é fraca. Ponto final. Carlos Freitas tocou ainda na magna questão vitoriana dos emprestado­s, assunto em que, efetivamen­te, parece haver aqui uma viragem face à prática do passado. Resta saber se algumas opções que existem sobre alguns dos jogadores que chegaram a Guimarães são minimament­e realistas. Na entrevista diz-se que não são de 10/12 milhões. Mas se forem de 3 ou 4 o Vitória consegue comprar? Finalmente, um ponto onde estou absolutame­nte de acordo. Há quem ache que formação é só aquilo que formamos dentro de portas, com base em produto local, mas nos dias de hoje o mercado é global pelo que devemos recrutar qualidade, ainda que em bruto, onde quer que ela se encontre. Não nos temos dado mal com isso, pois não?

Nos dias de hoje o mercado é global, pelo que devemos recrutar qualidade, ainda que em bruto, onde quer que ela se encontre

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Pontapé para a clínica

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