O Jogo

Estreia de Tomás Esteves emocionou a família: “Fartei-me de chorar”, conta a mãe do lateral

TOMÁS Pais lembram a O JOGO o esforço feito para que o lateral cumprisse o sonho de jogar pelos dragões. Dedicatóri­a à mãe deixou-a a chorar até ontem de manhã

- ANTÓNIO M. SOARES BRUNO FILIPE MONTEIRO

Recompensa pelas viagens de 252 quilómetro­s entre Aboim das Choças e o Porto para o internacio­nal sub-21 treinar chegou contra o Casa Pia. Progenitor­es aconselham o filho a manter os pés no chão

Foi uma noite recheada de emoções a que se viveu, na quinta-feira, em casa do clã Esteves, na freguesia arcoense de Aboim das Choças. Tomás, de 17 anos, cumpriu o sonho de menino de se estrear pelo clube do coração, enchendo de orgulho os pais, Adelino e Clara, e o irmão, Gonçalo, também ele aspirante a jogador do FC Porto. “Não trocava aquele momento por nada deste mundo”, garantiu a O JOGO o patriarca da família, Adelino, no dia seguinte ao primeiro jogo do filho mais velho pela equipa principal dos dragões. “Isto veio provar que todo o esforço que fizemos, com as viagens para o Olival [126 quilómetro­s para cada lado] para ele poder treinar, valeu a pena”, desabafou. Tomás não se esqueceu disso e aproveitou o tempo de antena para dedicar o momento à mãe. “A Clara ficou chocada e desfez-se em lágrimas. Só dizia: ‘Porque fizeste isto, filho?’”, conta Adelino. “Não estava a contar com as palavras do Tomás. Ele não precisava de ter agradecido, porque o que fiz foi tudo do coração. Fartei-me de chorar. Até hoje [ontem] de manhã acordei a chorar de alegria pelo reconhecim­ento do meu filho”, explica a mãe, Clara, ao nosso jornal.

Até ver confirmada a mudança permanente para a equipa principal, que o levou a procurar uma residência na região do Porto, Tomás cumpria 126 quilómetro­s entre Aboim das Choças e a Invicta para poder treinar. A mãe, Clara, e o irmão, Gonçalo, eram os companheir­osdeumavia­gem que se repetiu vezes sem conta ao longo dos últimos anos, mas que podia ter terminado muitocedo.“Noprimeiro­treino, chegámos às 18h00 e viemos embora às 21h30. Estivemos quase para desistir, porque apanhamos um dia de chuva e trovoada. Parecia um dilúvio”, recordou Adelino. “No início, se calhar, as pessoas pensavam que éramos malucos por fazermos a viagem. Mas lá fomos continuand­o e hoje vemos que esse sacrifício foi recompensa­do”, acrescento­u o patriarca. “Todos os pais querem ver os filhos felizes. Se fosse hoje, voltaria a fazer tudo o que fiz”, asseverou a mãe do internacio­nal sub-21 português.

São momentos como o da estreia de Tomás que fazem Adelino dar outro valor à vida. “Podemos ter muitos problemas. Por vezes, quando estamos a trabalhar, até nos apetece dar um pontapé nas coisas e sair, mas depois paramos dez segundos a pensar nos nossos filhos e passa tudo”, sustenta o pai do lateral-direito. “Vê-lo atingir o objetivo é quase como se tivéssemos sido nós a alcançá-lo”, afiançou. “Tem um significad­o enorme para ele, mas também para nós”, completou a mãe, que se viu obrigada a prescindir da viagem à final da Youth League da época passada devido ao trabalho de docente. “Tinha dito à Clara que devia ser ela a ir [à Suíça], porque foi ela quem foi mais com ele aos treinos. Por isso, quando eles venceram, fechei os olhos alguns minutos e parece que vi as correrias de um lado para o outro para encaixarmo­s as nossas tarefas de forma a que eles pudessem ir para os treinos. É uma situação que nos marca para a vida”, afirmou Adelino.

O primeiro contacto com Tomásdepoi­sdaestreia­surgiu pouco depois do fim do encontro com o Casa Pia, da segunda jornada da fase de grupos da Taça da Liga. O jovem de 17 anos, que já leva oito jogos na

II Liga pela equipa B, entrou aos 75 minutos e não cabia em si de contente. “Disse-me o mesmo que já tinha dito na flash interview. Estava superfeliz, porque sempre foi uma ambição desde que começou a jogar”, descreveu Clara. “Se calhar,aestreiapo­diateracon­tecido antes, mas respeitamo­s o treinador e ele é que sabe o que é mais indicado para o Tomás”, confessou Adelino, proprietár­io de um talho em Aboim das Choças e que repete ao nosso jornal os conselhos que tem procurado transmitir sempre ao filho. “Sempre disse ao Tomás para não se iludir, para ir colocando um pé à frente do outro e para trabalhar sempre.Nofutebol,tudopode mudar rapidament­e, mas isto foi o melhor que lhe podia ter acontecido”, indicou. À família também.

“Fartei-me de chorar. Até hoje [ontem] acordei assim”

Clara

Mãe de Tomás

“No início, se calhar as pessoas pensavam que éramos malucos por fazermos a viagem [252 km]”

Adelino

Pai de Tomás

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