O Jogo

Fora da caixa Joel Neto

O TERCEIRO HOMEM ... tem dois corpos e um só coração

- neto.joel@gmail.com

No fundo, há três personagen­s: Cristiano Ronaldo, Lionel Messi e Ronaldo/Messi. É a terceira que mais se distingue das outras (de todas as outras), e não me surpreende­rá se for ela a passar à História como a personagem maior. Essa mesma possibilid­ade parece admitir o Financial Times quando, depois de incluir o português e o argentino na lista das 50 personalid­ades mais marcantes da década – personalid­ades de todas as áreas, incluindo Obama, Nigel Farage, Sérgio Moro, etc –, se refere à rivalidade entre ambos como “a maior batalha do futebol de todos os tempos”. Já se sabe que, nos últimos dez anos, nove dos prémios FIFA para o melhor jogador do mundo se dividiram entre os dois (e o terceiro foi oferecido, com certo ridículo, a Luka Modric). Como é possível uma coisa destas acontecer em pleno século XXI, quando o futebol está mais atlético, duro, veloz e virtuoso do que nunca e, aliás, não apenas se consagrou como o maior desporto do planeta, mas chega realmente a todo o lado, se joga a um nível pelo menos razoável em todo o lado e no qual em todo o lado se reconhecem as mesmas estrelas? Pois aí está o busílis. Ronaldo/ Messi transcende os próprios Ronaldo e Messi. Há de ser a cultura pop a decidi-lo: será o impacte conseguido pelos filmes e os livros que se fizerem e escreverem sobre as três pessoas, a coletiva e as duas individuai­s, a determinar qual se inscreverá de modo mais indelével nos corações dos que as viram viver e daqueles a quem reste sonhar com isso. Nem Di Stefano, nem Pelé, nem Maradona – ninguém teve essa possibilid­ade e ninguém correu esse risco. E seria interessan­te, já agora, se Ronaldo e Messi decidissem que, realmente, se trata mais de uma possibilid­ade do que de um risco.

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