O Jogo

UM FUNDO BEM ELEVADO POR DUAS AMIGAS

ATLETISMO Carla Salomé Rocha e Sara Catarina Ribeiro têm 29 anos e marcas para a maratona dos Jogos. São sucessoras de Dulce, Jéssica e Sara

- FREDERICO BÁRTOLO

As atletas do Sporting consideram que apostar na maratona cada vez mais cedo é uma tendência. O recorde de Rosa Mota é, para já, uma miragem e que não gera pressão a ninguém

Para já, Carla Salomé Rocha, com as 2h24m47s em Londres, e Sara Catarina Ribeiro, com as 2h26m39s em Valência, têm mínimos para a maratona do Mundial de Tóquio’2020. Aos 29 anos, são legítimas sucessoras de Sara Moreira, Jéssica Augusto e Ana Dulce Félix. Juntas, abordaram a O JOGO uma carreira que se cruza. “É verdade, estamos juntas desde a secundária”, confirma Sara, que treinava no Vizela desde 2002. Dois anos, depois surgiu Salomé: “Da mo-nosq.b .[ risos ]. Treinamos juntas, nãoé preciso estarmos sempre às mensagens .” Contam-nos a felicidade de terem alcançado a marca olímpica: “O apuramento para Tóquio foi conseguido com antecedênc­ia. Quando chegamos ao fim de quatro meses sem vida social e conseguimo­s o objetivo só pensamos que alcançámos um sonho.Éoculmin arde um sacrifício ”, começa Carla Salomé Rocha, detalhando as privações :“Quantas vezes estamos em jantares de família e dizemos que temos de ir dormir.” “Não temos feriados: a nossa semana é de segunda a segunda. Temos também a dificuldad­e de constituir família”, refere Sara Catarina Ribeiro, com um brilho nos olhos, ela que quer desforrar-se em Tóquio da amargura do Rio’2016: “Não pude ir ao Rio porque me lesionei antes e isso dificultou a preparação. Ao conquistar mínimos agora, fiquei satisfeita. Tirei quase três minutos e meio à minha marca. Trabalhei tanto para aquele momento. Ainda assim, tenho de esperar porque outras vão tentar.”

A maratona passou a ser a opção, mas os 10000 não estão esquecidos. A juventude nos 42 km é desvaloriz­ada: “Antigament­e havia o estigma de que as atletas iam para a maratona no final de carreira. Hoje, o atleta tem a possibilid­ade de escolheras melhores vertentes.Fiz a primeira maratona aos 26 e vejo muitos com grandes resultados sendo mais novos. Não podemos ir com o objetivo de ter grandes resultados na maratona se formos para lá no fim da carreira. Fui para a maratona porque achava que, nos 3000 e 5000 metros, não ia conseguir ir aos Mundiais ou aos Jogos”, explica a atleta de Lousada, antes de Salomé Rocha atalhar: “No Rio, corri os 10 mil. Em Tóquio, tenho míni

“Depois de quatro meses sem vida social, conseguir a meta é pensar que alcançámos um sonho”

Carla Salomé Rocha Maratonist­a do Sporting

“A obsessão pelo recorde da Rosa é que nos pode desnortear. A Sara, a Jéssica e Dulce não conseguira­m...” “Gostava de melhorar o 26.º que tive no Rio, nos 10 mil metros, mas quero é baixar dos 32 minutos”

Carla Salomé Rocha

Atleta do Sporting “Não podemos pensar em ter grandes resultados na maratona se formos para lá no final da nossa carreira” “Não pude ir ao Rio, porque me lesionei na preparação. Tirei três minutos à minha marca agora. Fiquei tão feliz”

Sara Catarina Ribeiro

Atleta do Sporting

mos para a maratona. Claro que gostava de poder melhorar o lugar no Rio [26.ª]. Queria melhorar a minha marca pessoal e baixar dos 32 minutos. Tenho margem de progressão nos 10 000 metros, apesar de já estar focada na maratona.”

O registo de Rosa Mota (2h23m29s) é perseguido há muitos anos, mas Carla SaloméRoch­a, a terceira melhor de sempre em Portugal na distância, desvaloriz­a: “O recorde já dura há 33 anos e isso é símbolo de alguma coisa. Estou a um minuto ainda. Tivemos uma Sara, uma Jéssica e uma Dulce e ninguém conseguiu. O meu objetivo é bater o meu recorde, só depois penso no nacional.

Não há peso. A obsessão pelo recorde é que nos pode deixar desnortead­as. A maratona é experiênci­a: precisamos de oito ou nove. Temos de ter tudo perfeito: sem exageros nem desleixos. Em Mundiais ou Jogos, querem o sé o resultado, mais do que a marca .”

Ambas se dizem felizes. “Tenho estado sempre a evoluir”, refere Catarina, campeã nacional de estrada e vencedora da Taça dos Campeões Europeus pelo Sporting. Salomé foi bronze por equipas no Europeu de crosse e conseguiu a terceira melhor marca lusa, pelo que ambição não falta: “Espero que 2019 não seja o melhor ano da carreira.”

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