A OUTRA PELE DE BRACALI
Guarda-redes brasileiro está a fazer nos sub-11 do Bessa o estágio do curso de treinador, tal como três outros companheiros que tornam o treino dos mais novos ainda mais aliciante
Guardião, Edu Machado, Ricardo Costa e Mateus já acautelam a vida fora das quatro linhas, mas sem sair do mundo do futebol. Bracali tem o curso de Educação Física e aponta ao treino de guarda-redes
Quando entra emcampo, Bracali já só pensa no jogo que aí vem. Não existe mais nada além da competição. Ou não existia, até, nos últimos tempos, essa rede mental que o acompanha na contagem decrescente para o pontapé de saída ser furada pelas vozes infantis dos miúdos que leva pelamão. “Lembras-temim?”, perguntam, encantados por estarem ali e ao lado do treinador-adjunto estagiário dos Sub-11 do Boavista. “Lembro, claro”, sossega-os, e a concentração à prova do ambiente mais escaldante descobre-se a sorrir àquela outra equipa dele. Ricardo Costa, Mateus e Edu Machado hão-de passar pelo mesmo. Tal como o guarda-redes brasileiro, também eles escolheram as camadas jovens do Bessa para fazerem o estágio do curso básico de treinador. “É gratificante. Mesmo sendo cansativo. Às vezes, jogamos na sexta-feira à noite e, no sábado de manhã, cedo, estamos lá com eles. Mas, chegamos ali e é uma alegria”, conta.
Bracali está com 38 anos, a idade com que o pai, Armando Bracalli, trocou a baliza pelo treino de guarda-redes. Independentemente da idade, ele imagina-se a fazer um caminho assim, daí o curso. “Quanto mais pudermos antecipar o nosso futuro, melhor”, explica quem só se vê na baliza. “Em princípio, seguirei pela minha paixão, que é a baliza. Preparo-me para ser treinador de guarda-redes e o curso é mais uma ferramenta” a juntar à “óbvia experiência de muitos anos de futebol” e ainda à licenciatura em Educação Física que completou antes de se mudar para Portugal, já lá vão 14 temporadas.
Foi a olhar para o futuro que o presente ganhou ainda mais treinos, a juntar aos do plantel principal: segundas e quintas-feiras, no Bessa, e jogos aos sábados de manhã. O estágio prevê que desempenhe experimente todas as funções na equipa técnica. “Há dias em que aproveito para ficar com os guarda-redes, não só da minha categoria. Nãoé difícil imaginar como se sentem as crianças ao ter ali um atleta profissional e, ainda por cima, um que vale pontos ao Boavista. “É mais um estímulo para eles”, a juntar ao “sonho de serem jogadores”. Bracali lembra-se da sensação. “Quando era miúdo, também gostava de treinar na equipa sénior e ver os guarda-redes da equipa profissional, acompanhá-los, ver o que faziam, saber o diaa-dia deles”, recorda, e valoriza o papel que tem neste estágio: “Nós somos referências,
temosdecomportar-noscomo tal. Estão numa fase importante da vida, não só na formação, mas escolar e enquanto seres humanos. Precisam de princípios, de carácter e nós, além de sermos profissionais, temos de ser boas pessoas na nossa vida para que eles saibam que não é só futebol, há coisas muito mais importantes”.