A grande bofetada do mundo do futebol
Na entrevista que deu esta semana à SIC, António Costa, o primeiro- ministro, comentando a paragem forçada do campeonato e as diversas implicações, disse que o futebol não é uma prioridade. Estou de acordo, não é, efetivamente, ainda mais no cenário terrível em que estamos a viver, mas terá sempre de olhar à importância que o futebol tem hoje na sociedade portuguesa. O futebol fez de Portugal um país alegre, com a vitória n o Europeu, e com tantos outros títulos que foi conquistando e tantos sucessos individuais, também noutras modalidades, como o hóquei em patins ou o futsal, por exemplo. Mexe com as pessoas, com a sua vida, com as suas rotinas, até com os seus sentimentos. Sim, o futebol, neste quadro epidémico, não é uma prioridade, mas tem dado nos últimos dias, como destaco no positivo desta crónica, muitos exemplos do valor que tem e da atenção que dá à sociedade em casos em que é necessário agir, contribuir, e os contributos têm sido efetivos, do FC Porto, do Benfica, do Braga, do Sporting, de todos, de uma forma geral. Acho que o futebol, tão desdenhado ainda por alguns que se sentem acima de todos e que acham que o futebol é coisa menor onde só há defeitos, está dar uma grande lição e algumas bofetadas de luva branca. Nada que me espante, porque conheço bem o mundo do futebol e do que neste mundo se consegue fazer pelos outros. O futebol está parado mas movimenta-se desta forma, pelo menos enquanto não há uma decisão sobre o que fazer, e quando volta, em relação aos campeonatos que foram suspensos. Não queria estar no lugar de quem tem de tomar a decisão, porque, seja ela qual for, recolherá sempre simpatias e antipatias. Por exemplo, atribuir o campeão agora não seria justo, porque faltam ainda muitas jornadas para o campeonato acabar e não seria a melhor das verdades desportivas. E não há só o campeão para apurar, há os lugares europeus, as despromoções. No caso, falo do campeonato português. Mas no estrangeiro, dar a época como terminada seria injusto para algumas equipas, por exemplo, para o Liverpool, que tem o campeonato praticamente ganho e já não vence um há muito tempo e estava a fazer uma época brilhante a todos os níveis quando o vírus chegou; esperar para ver, adiantar a época numa altura em que já as janelas de transferências já estarão abertas, também não me parece boa ideia. Sinceramente, não consigo encontrar uma solução perfeita para o problema, mas volto a referir - de uma coisa tenho a certeza: não será uma decisão fácil e não queria nada estar no lugar de quem tem de tomar essa decisão.
O futebol está a dar uma
grande lição a muitos que ainda o desdenham
e desvalorizam