O Jogo

CHUMBO NA OPA

CMVM aponta irregulari­dades e impede SAD de recomprar ações

- MARCO GONÇALVES

A entidade que supervisio­na o mercado entende que o dinheiro para a compra de um máximo de 28,06 por cento dos títulos, que pode atingir 32,3 M€, seria avançado pela própria SAD benfiquist­a

Quatro meses após ter sido lançada, a OPA (oferta pública de aquisição) do Benfica, que visava a compra de até 28,06 por cento das ações da SAD encarnada, mereceu um chumbo por parte da CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliário­s). O regulador entende que existem irregulari­dadesnofin­anciamento da aquisição das ações, pois defende que o plano apresentad­o pelas águias recorre a uma assistênci­a financeira da própria SAD. Ou seja, a CMVM defende que seria com dinheiro da sociedade benfiquist­a que o clube, através da Benfica SGPS, iria financiar-se para comprar os títulos, num investimen­to máximo de 32,3 milhões de euros.

De acordo com o que avançou a TVI, a estratégia benfiquist­a passaria por antecipar o pagamento ao clube das verbas que a SAD assume normalment­e pela utilização do Estádio da Luz, elevando até o valor normal destas. Situação que poderá levar mesmo a CMVM a aplicar uma multa ao Benfica, por não ter informado devidament­e os investidor­es em relação ao seu plano. O clube da Luz, que na altura justificou a OPA também pela sua liquidez financeira, contraria essa visão, tendo indicado ao regulador que a SAD transfere esses fundos para a empresa Benfica Estádio, que tem, desde 2004, um contrato assinado com a Benfica SGPS, empresa do clube que lançou agora a OPA. Situação, porém, que não chegou para convencer a CMVM, que suspendeu ontem, logo pela manhã, a transação de ações da sociedade benfiquist­a, esclarecen­do aguardar pela “divulgação de informação relevante ao mercado”.

O Benfica foi ontem notificado pela entidade que controla o mercado do indeferime­nto da proposta apresentad­a e terá dez dias para responder. O processo será agora analisado pelos responsáve­is encarnados, nomeadamen­te pelos departamen­tos jurídico e financeiro, de forma a avaliar a posição a tomar. As águias podem neste período contestar a decisão ou preparar e apresentar uma alternativ­a de financiame­nto, que será então novamente analisada por parte da CMVM, que ao longo dos últimos meses, e mesmo antes do lançamento da OPA, recolheram uma série de informaçõe­s, manifestan­do também dúvidas em relação a algumas questões, como a relação entre Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, e José António dos Santos, principal acionista individual da SAD (neste período passou dos 12,7 por cento de ações para os 16,3) e sócio do líder encarnado em negócios imobiliári­os.

Em meados de novembro do ano passado, o Benfica decidiu lançar esta OPA defendendo a importânci­a de reforçar a sua participaç­ão na própria SAD, apontando, entre papéis detidos pelo clube, suas empresas e ainda administra­dores, a deter praticamen­te os 95 por cento da sociedade.

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