UM PASSO ATRÁS
PRESIDENTE DA FIFA PROMETE REFORMAR O FUTEBOL REDUZINDO O NÚMERO DE COMPETIÇÕES E EQUIPAS
Tarantini: “Teto salarial podia trazer equidade” “É preciso ajustar à realidade financeira”
Joaquim Evangelista:
sentido de criar uma elite” “Redução de clubes é no
Manuel Machado:
Análise: como o futebol inflacionou em 30 anos
Redução das competições mas aumento do interesse; menos mas melhores jogos e com melhores jogadores. Para Infantino, a disponibilidade da FIFA irá ver-se recompensada pelo resto dos atores do futebol
Numa entrevista ao jornal italiano “La Gazzetta dello Sport”, a propósito do seu 50.º aniversário, foi o presidente da FIFA que acabou por oferecer um presente - a receita da FIFA para o futuro do futebol, aquele que irá sair da pandemia com que o mundo está a debater-se e que causará “uma crise que arrisca vir a ser irreversível” para o desporto-rei, como sublinhou o dirigente suíço. Gianni Infantino propõe que se dê “um passo atrás”, isto é, uma reforma de todo o futebol mundial, “com formatos [competitivos] diferentes”, que passariam a contemplar “menos competições mas mais interessantes; talvez menos equipas mas mais equilibradas; menos jogos, para proteger a saúde dos jogadores, mas mais disputados”. Ou seja, um futebol reduzido na sua carga de trabalho para os protagonistas, mas que parece desenhado para se tornar mais exclusivo e capaz de favorecer ainda mais os clubes poderosos.
Sem entrar em mais detalhes em relação a este projeto, cuja ideia de elevar o nível competitivo soa convergente com outras ideias que têm circulado, como a Superliga Europeia, Infantino deixa claro que “as soluções para o calendário internacional devem ir de encontro aos interesses de todos os ‘stakeholders’”. “É uma responsabilidade da FIFA. Iremos discutir isso com confederações, federações, ligas, clubes, jogadores. De certeza que todos estarão prontos a dar um passo atrás, como nós”, observou. Aqui, importa referir que esta resposta surgiu na sequência de uma outra em que o presidente da FIFA dá grande ênfase ao papel da FIFA no suporte financeiro do futebol mundial: “Sónósfazemossolidariedade mundial. O Mundial de Clubes e o Mundial são a única
“Confederações, federações, ligas, clubes, jogadores, de certeza que todos estarão prontos a dar um passo atrás, como nós” “Só nós fazemos solidariedade mundial”
Gianni Infantino
Presidente da FIFA
fonte de receita para a maioria das federações. Sem isso, em mais de cem países não haveria campeonatos, escalões de formação, futebol feminino, campos”, alertou, acrescentando que o adiamento do Mundial de Clubes faz perder centenas de milhões [de euros] à FIFA e a todas as federações, não obstante o organismo ter reservas para fazer face às perdas. “Superliga? Dá-me vontade de rir”
Questionado se está a projetar uma Superliga de clubes, o suíço de origem italiana respondeu: “Dá-me vontade de rir. Pelo que vejo, já há outros a pensar e a organizar competições pelo mundo, sem respeito pela forma como está organizado o futebol nacio
adiar Mundial Infantino diz que federações
Milhões:
muito à FIFA e de Clubes fez perder
nal, continental e mundial”.
Por várias vezes nesta entrevista Infantino sublinhou o carácter solidário da FIFA, em particular com a Europa e América do Sul, apontando o calendário internacional como a preocupação do momento, bem como a proteção dos contratos dos jogadores e a adequação dos períodos de transferências. E revelou ter conversado com o homólogo da UEFA: “Estou e estarei sempre pronto a ajudar quem precisa, hoje a Europa e América do Sul, amanhã outros. Foi isso que conversámos com Ceferin ao telefone”.
Quanto ao novo Mundial de Clubes,prometeu para breve uma decisão sobre se a edição inaugural será em 2021, 2022 ou, no máximo, 2023.