O Jogo

Nova data pode ser problema

Federações dividem-se entre 2021 ou tentar ainda em 2020

- JOGOS OLÍMPICOS

O Comité Olímpico de Portugal juntou ontem a sua voz aos que pedem o adiamento dos Jogos, mas não será fácil definir nova data. Nem entre as várias federações nacionais existe um acordo

O adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio, que continuam a ter o início marcado para 24 de julho, ainda não foi decidido pelo Comité Olímpico Internacio­nal (COI), mas vai ocorrer, tal a dimensão das pressões, às quais se juntou ontem o Comité Olímpico de Portugal, pedindo uma solução “que tranquiliz­e os atletas e as organizaçõ­es desportiva­s”, em carta enviada a Thomas Bach.

Se o COI já está a estudar nova data, encontrá-la é a grande questão. O organismo diz ter uma almofada financeira para imprevisto­s de 870 milhões de euros, recebeu um apoio solidário do atletismo, modalidade rainha, com a World Athletics a mostrar-se disponível para perspetiva­r o futuro, mas colocar num calendário ainda mais apertado pelo vírus um evento com 19 dias e 34 modalidade­s será muito complexo. Como se isso não bastasse, logo em Portugal os principais agentes divergem de opinião.

Se o Comité Olímpico de Portugal, numa entrevista do seu presidente, se mostrou favorável “a um adiamento para 2021”, a mesma posição tem Jorge Vieira, responsáve­l máximo do atletismo nacional. “Os Jogos em 2021 seria o menos mau. Adiar para dezembro, como alguns defendem, seria péssimo, afetaria todo o quadro competitiv­o”, defendeu, tendo mais argumentos: “Realizar em 2021, permitiria aos atletas terem uma época completame­nte em pleno. É a hipótese mais razoável. Os ciclos de quatro anos são importante­s no planeament­o e fazê-lo para os

Jogos é mais importante do que para Mundiais ou Europeus”.

O ténis de mesa segue a mesma linha. Reportando às palavras de José Manuel Constantin­o,

o líder federativo, Pedro Moura, diz: “Se o presidente acha que 2021 é uma melhor hipótese, eu apoio”. As federações de ginástica e equestre seguem a mesma linha: verão de 2021.

Pelo contrário, natação e canoagem, modalidade­s com peso no nosso olimpismo, querem Jogos ainda este ano. António José Silva, presidente da federação de natação é perentório: “Será por meses, até ao final de 2020, e nunca por ano. Não será fácil encontrar nova janela de datas que suporte o adiamento sem sobreposiç­ão das provas nacionais e internacio­nais”. Por seu turno, Vítor Félix, da federação de canoagem, até aponta o período: “No outono, para todos competirem em iguais condições”. Os sentimento­s dos canoístas seriam, assim, levados em conta. “O adiamento para 2021 não é razoável, pois os atletas têm estado focados e causaria frustração enorme ”, explicou.

“Os Jogos em 2021 seria o menos mau. Permitiria aos atletas uma época em pleno”

Jorge Vieira

Presidente da FP Atletismo

“Será por meses e nunca por ano. Não será fácil encontrar nova janela de datas”

António José Silva

Presidente da FP Natação

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