Milhões e minutos sempre a subir
HISTÓRIA Calendários mais apertados e valores de transferências estonteantes colocam a época 1989/1990 a anos-luz de distância
A globalização alimentou a “fome” de bola planetária, levou à introdução de mais provas e, consequentemente, de mais receitas. Estas ajudaram o mercado a passar de valores recorde de 6,5 M€ para 100 M€
Fenómeno global e um produto gerador de milhões, o futebol foi “arrastado” pelas enormes mudanças ocorridas no mundo nos últimos 30 anos até uma era de modernidade que divide os adeptos, mas onde é indiscutível o seu peso mediático e financeiro. No atual contexto, a barreira dos 100 milhões de euros – valor inimaginável na década de 1990 – tornou-se quase corriqueira e, para alimentar a “fome” de bola planetária, os calendários esticaram-se até chocarem de frente com as críticas de quem acha que se joga demasiado.
Curiosamente, os números mostram que, em alguns casos, a diferença não é assim tão grande em relação ao que se passava há 30 anos. Analisando os seis principais campeonatos europeus, Portugal e França são aqueles que registam maior diferença de atividade em relação a 1989/1990 e esta pode ser explicada pela introdução das respetivas Taças da Liga, já neste século. No campo das seleções, a introdução de novos países na UEFA – provenientes das dissoluções da União Soviética e da Jugoslávia – vieram aumentar a carga das qualificações e tornar mais longo o caminho rumo a grandes competições internacionais (ver quadro).
A forma como funciona o mercado de transferências acabou por ser bem mais radical. No início da década de 1990,numcenárioinimaginável para as gerações mais novas, os negócios milionários faziam-se em Itália, mas, dez anos volvidos, o início da era dos galáticos de Florentino Pérez e, posteriormente, a entrada de grandes capitais estrangeiros nos clubes (Chelsea, City ou PSG) abriram caminho a gastos que não se imaginavam possíveis.