“BELGAS DESVALORIZARAM O VÍRUS E AGIRAM TARDE”
IVO RODRIGUES Extremo do Antuérpia contou a O JOGO episódios de uma população que demorou a perceber a gravidade da Covid-19. Em Portugal preocupa-o sobretudo os pais
Jogador contou que viu um centro comercial cheio “há cinco ou seis dias” e também revelou ter ficado “assustado” pela falta de informação demonstrada por um amigo, que pouco sabia sobre o coronavírus
Mais de 3700 casos de infetados pela Covid-19 (342 só ontem) e88mort os. Esteéo quadro atual na Bélgica, país onde joga Ivo Rodrigues, extremo que é uma das figuras do Antuérpia, terceiro classificado da Jupiler League, campeonato que está suspenso pelo menos até 30 de abril. O ala, de 24 anos, que em Portugal passou por FC Porto, Paços de Ferreira, V. Guimarães, entre outros, está em casa “há mais de uma semana” e fala de uma nação que terá acordado tarde para combater o coronavírus. “Apresentei-me com dores de cabeça no último treino antes de sermos mandados para casa. Os meus colegas começaram a dizer que eu tinha o vírus. No fundo, ninguém estava muito preocupado. Lavávamos as mãos e havia muito desinfetante à disposição, mas as pessoas achavam que isto só acontecia aos outros”, conta. Ivo Rodrigues partilha o balneário com o português Aurélio Buta e na Bélgica também jogam Diogo Queirós (Mouscron), Orlando Sá (Standard Liège), Jorge Teixeira(Saint-Truden)eLeonardo Rocha (Eupen). No entanto, é com os belgas que Ivo mais conversa e aO JOGO relatou um episódio de falta de informação que o “assustou”. “Há cerca de cinco ou seis dias fui a uma farmácia, que se situa dentro de um centro comercial, e que ainda tinha imensa gente. Liguei para um amigo e perguntei-lhe se as pessoas não estavam assustadas. Ele nem sabia quantos cidadãos já tinham morrido, ou qual o número de infetados.
Tinha uma falta de informação tão grande que me assustou”, reconhece.
Entretanto, o governo endureceu as medidas, num país cujo primeiro caso foi detetado a 4 de fevereiro, decretou o recolher obrigatório e encerrou as fronteiras a todas as deslocações “não essenciais”. Para Ivo, já foi tarde. “Ao lado de minha casa há um ginásio ‘outdoor’ e vi imensa gente concentrada antes de interditarem estes espaços. Os belgas desvalorizaram a situação. As pessoas parece que não estão a conseguir olhar para Itália como tudo o que não deve acontecer. Parece que andamos a brincar e mais tarde vão dizer que devíamos ter feito isto ou aquilo mais cedo”, comentou. Ivo Rodrigues considera que o caso está mais “caótico” na Bélgica e escuda-se nos números para sustentar a tese. “Portugal, pelo menos, tem havido poucos óbitos.
“Tive dores de cabeça no último treino antes de virmos para casa e os meus colegas começaram a dizer que eu tinha o vírus. Ninguém estava muito preocupado” “As pessoas não estão a olhar para Itália como tudo o que não deve acontecer”
Aqui, temos mais de 80 mortos e 3000 infetados”.
Apesar de os belgas não estarem em quarentena obrigatória, o Antuérpia proíbe as viagens. Se não fosse isso, talvez Ivo Rodrigues viesse para Baguim do Monte (Gondomar), de onde é natural, principalmente por estar preocupado com os pais. “Ligo todos os dias para os meus pais, que têm 61 e 62 anos, e são eles que mais me preocupam. O meu pai continua a trabalhar, pois é motorista de pesados, mas só anda pelo país”, explica. “Noto que os idosos têm uma certa resistência à quarentena. Vi um vídeo de uma senhora a resistir a um agente da PSP que a estava mandar para casa e fiquei admirado”, completa Ivo Rodrigues.
golos
já marcou cinco Ivo Rodrigues
Precioso:
época pelo Antuérpia em 28 jogos esta