O Jogo

“Quando voltarmos seremos os mesmos”

Lateral direito Rafael Ramos relata as dificuldad­es que os atletas têm sentido nesta fase de isolamento social

- ARTHUR MELO

Rafael Ramos tem utilizado o seu tempo para se dedicar a outras atividades, como por exemplo a culinária. A manutenção física continua a ser cuidado, mas deixa transparec­er saudades

Depois de no domingo ter liderado o Santa Clara à vitória por 7-3 sobre o Vitória de Setúbal, batendo no FIFAPro o avançado sadino Berto, antigo colega de equipa na formação do Benfica, no jogo de futebol virtual da jornada 26 da Liga, Rafael Ramos regressou aos dias de isolamento social na ilha de São Miguel, local onde se mantém todo o plantel dos açorianos.

Os treinos em casa são o suficiente para manter o físico, mas o jogador de 25 anos realça que o isolamento social é exigente em termos mentais. As competiçõe­s estão suspensas por tempo indetermin­ado, como medida preventiva para combater o surto da Covid19. Concorda com a decisão de parar o futebol? — Apesar de me custar muito estar parado e não fazer aquilo de que mais gosto, foi a decisão correta para o bem e a saúde pública, que é o mais importante neste momento. De que forma tem feito a sua manutenção física e que até que ponto é que estas limitações colocam em causa os índices físicos e psicológic­os de um atleta profission­al? — É diferente, principalm­ente na parte em que temos de treinarsoz­inhosenume­spaço fechado, e aí é onde a parte psicológic­a é mais afetada, na minha opinião. Em termos físicos é mais difícil a parte aeróbica por essa tal limitação do espaço, mas nós arranjamos sempre maneira de dar a volta econseguim­os,mesmoassim, manter a forma física com variados exercícios que foram propostos pelo clube. Para além deste trabalho físico, que outras atividades são desenvolvi­das ao longo do dia em casa relacionad­as com o futebol? Por exemplo, há visualizaç­ão de jogos dos adversário­s que ainda vão defrontar? — Neste momento, para ser sincero, isso não é tanto a nossa preocupaçã­o, porque não sabemos quanto tempo durará esta paragem. Mas sim, continuamo­s a preparar os jogos e a visualizar vídeos dos adversário­s. É algo que fazemos frequentem­ente. O grupo de trabalho tem mantidocon­tactoequet­ipo de diálogo mantém? — Sim. Nós temos grupos de conversaçã­o em que estamos sempre em contacto uns com os outros e, para além disso, neste momento em que passamos mais tempo em casa jogamos muitos jogos online. Contacto (nãopresenc­ial) neste momento é algo que não falta!

De que forma são passados estes dias em que a principal recomendaç­ão das autoridade­s de saúde é o isolamento social? — Nesta fase de isolamento social, como não saímos de casa, uma grande parte do tempo, passei a cuidar de mim. Passo algum tempo extra a preparar as refeições e a cozinhar, e também a planear aquilo que posso treinar a partir de casa. Depois há também aquilo que já é habitual, mas com mais frequência neste momento que é ver séries, filmes, jogar Playstatio­n e ler. Basicament­e isso. Nesta fase os contactos com a família aumentaram? — Sim. Neste momento aumentou bastante, pelo menos no meu caso, porque é uma forma agradável de passar mais o tempo e de alguma forma sentir a companhia deles. É importante estar com a família nesta fase. No seu entender, que tipo de implicaçõe­s esta pausa competitiv­a pode ter no rendimento individual dos jogadores e nas equipas? — Creio que terá algum impacto. Mais pelas rotinas de treino e de jogo, mas quando voltarmos seremos os mesmos e com as mesmas ideias. Por isso acho que nos adaptaremo­s rápido a isso. Sei que estão todos a cumprir com os planos enviados pela equipa técnica. Temos um grupo profission­al que fará tudo para voltar da melhor forma possível.

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