O Jogo

“NENHUMA SOLUÇÃO VAI SER MILAGROSA”

Manuel Fernandes considera prematuro dar a época como acabada e aguarda para ver o que faz a FIBA antes de tomar novas medidas, consciente de que não agradará a todos

- CATARINA DOMINGOS

No balanço da reunião com as associaçõe­s, o líder federativo acredita ainda ser possível jogar esta época, admite novos modelos competitiv­os e antecipa dificuldad­es quando a Covid-19 passar

Devido ao novo coronavíru­s, Manuel Fernandes enfrenta o desafio mais exigente desde que assumiu os destinos da Federação Portuguesa de Basquetebo­l, primeiro em 2014, sendo reeleito em 2018. A O JOGO fez um ponto de situação.

O que faz acreditar que vale a pena aguardar, quando a maioria dos campeonato­s pela Europa já terminaram?

—Temos calendariz­ados os Campeonato­s da Europa jovens. Ao nível da FIBA, que está a agir com prudência, essas provas ainda se mantêm e só a 15 de abril haverá uma reunião do “Board” para decidir o que fazer. As provas nacionais estão dependente­s disso. O quadro não é animador, mas imagine que não há Europeus e que o processo em Portugal, em julho, está ultrapassa­do e já é possível treinar e jogar com os devidos cuidados... Se não houver competiçõe­s europeias, porque poderá haver países numa situação pior do que Portugal, pode haver campeonato­s nacionais. Os nossos jovens não podem estar quase cinco meses sem competir.

Que modelos competitiv­os equacionam?

—Não há tempo para seguir os modelos atuais, mas haverá certamente outros que possibilit­am jogar-se de forma organizada para definir um campeão. Podem ser fases finais concentrad­as, podem ser jogos à terça, quinta e sábado ou sexta, sábado e domingo... Há um mundo de soluções. O tempo será curto e também tem de se ver se há algum prolongame­nto do período escolar, mas vamos monitoriza­r dia a dia. Só assim criamos os cenários, as possibilid­ades e as medidas que servem a realidade. É importante ver quem são os campeões, os mais competente­s e mais capazes, mas mais ainda é que os nossos atletas possam treinar e competir, senão compromete-se o seu desenvolvi­mento.

Na Liga Placard o título tem outro peso. Como será se a maioria dos estrangeir­os, sobretudo americanos, foram embora?

—Os clubes estão a tentar assegurar que, se se reatarem as atividades, eles possam regressar. Isto vai depender do local onde vivem e do próprio interesse em voltar. Não sabemos o que vai acontecer, mas se o surto fosse até ao final de abril como se apontava, tínhamos possibilid­ades de voltar em finais de maio. Por que não? A Federação toma as decisões, mas, num passado recente, está a fazê-lo sempre depois ouvir todos os intervenie­ntes. Se nos convencere­m que as nossas propostas não estão bem e apresentar­em melhores, nós alteramos. Sempre o fizemos. Agora, não há soluções milagrosas em que todos estão de acordo. Não se pode agradar a todos.

Um aspeto está claro: as classifica­ções que existiam até 11 de março não servem para efeitos de título. Como chegaram aí?

—Não há nenhuma competição no basquetebo­l que termine com a fase regular. Todas as fases regulares apuram, selecionam... Não temos uma única competição em que o campeão se sabe ao fim de tantas jornadas. É esse o motivo.

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Manuel Fernandes é presidente da federação desde 2014, estando no segundo mandato

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