“NENHUMA SOLUÇÃO VAI SER MILAGROSA”
Manuel Fernandes considera prematuro dar a época como acabada e aguarda para ver o que faz a FIBA antes de tomar novas medidas, consciente de que não agradará a todos
No balanço da reunião com as associações, o líder federativo acredita ainda ser possível jogar esta época, admite novos modelos competitivos e antecipa dificuldades quando a Covid-19 passar
Devido ao novo coronavírus, Manuel Fernandes enfrenta o desafio mais exigente desde que assumiu os destinos da Federação Portuguesa de Basquetebol, primeiro em 2014, sendo reeleito em 2018. A O JOGO fez um ponto de situação.
O que faz acreditar que vale a pena aguardar, quando a maioria dos campeonatos pela Europa já terminaram?
—Temos calendarizados os Campeonatos da Europa jovens. Ao nível da FIBA, que está a agir com prudência, essas provas ainda se mantêm e só a 15 de abril haverá uma reunião do “Board” para decidir o que fazer. As provas nacionais estão dependentes disso. O quadro não é animador, mas imagine que não há Europeus e que o processo em Portugal, em julho, está ultrapassado e já é possível treinar e jogar com os devidos cuidados... Se não houver competições europeias, porque poderá haver países numa situação pior do que Portugal, pode haver campeonatos nacionais. Os nossos jovens não podem estar quase cinco meses sem competir.
Que modelos competitivos equacionam?
—Não há tempo para seguir os modelos atuais, mas haverá certamente outros que possibilitam jogar-se de forma organizada para definir um campeão. Podem ser fases finais concentradas, podem ser jogos à terça, quinta e sábado ou sexta, sábado e domingo... Há um mundo de soluções. O tempo será curto e também tem de se ver se há algum prolongamento do período escolar, mas vamos monitorizar dia a dia. Só assim criamos os cenários, as possibilidades e as medidas que servem a realidade. É importante ver quem são os campeões, os mais competentes e mais capazes, mas mais ainda é que os nossos atletas possam treinar e competir, senão compromete-se o seu desenvolvimento.
Na Liga Placard o título tem outro peso. Como será se a maioria dos estrangeiros, sobretudo americanos, foram embora?
—Os clubes estão a tentar assegurar que, se se reatarem as atividades, eles possam regressar. Isto vai depender do local onde vivem e do próprio interesse em voltar. Não sabemos o que vai acontecer, mas se o surto fosse até ao final de abril como se apontava, tínhamos possibilidades de voltar em finais de maio. Por que não? A Federação toma as decisões, mas, num passado recente, está a fazê-lo sempre depois ouvir todos os intervenientes. Se nos convencerem que as nossas propostas não estão bem e apresentarem melhores, nós alteramos. Sempre o fizemos. Agora, não há soluções milagrosas em que todos estão de acordo. Não se pode agradar a todos.
Um aspeto está claro: as classificações que existiam até 11 de março não servem para efeitos de título. Como chegaram aí?
—Não há nenhuma competição no basquetebol que termine com a fase regular. Todas as fases regulares apuram, selecionam... Não temos uma única competição em que o campeão se sabe ao fim de tantas jornadas. É esse o motivo.