André Bernardo é aposta na comunicação e no digital
JOÃO PEDRO ARAÚJO Diretor clínico do Sporting elogia o comportamento das entidades desportivas e dos atletas em Portugal
Responsabilidade social é levada a sério, além de existir uma onda de solidariedade entre clubes e profissionais, refere o médico leonino. Regresso desejado, mas com um mês de preparação anti-lesões
Od ire tor clínico do Sporting, João Pedro Araújo, abordou em conversa com os meios de comunicação a crise pandémica do coronavírus e os seus efeitos no desporto em Portugal e em particular no Sporting – onde salientou que “os dois testes efetuados” aos casos suspeitos “foram negativos” –, revelando que existe “uma onda de solidariedade entre os clubes” para que ninguém tire proveito da posse de infraestruturas de qualidade superior para não se gerar uma injustiça no regresso à competição. Até porque, afirma com orgulho, o futebol e os atletas têm “uma responsabilidade social” que os leva a darem o exemplo ficando em casa.
“A Liga tem sabido agregar os seus membros sem espaço a rivalidade. Treinos dividindo os jogadores por grupos em vários campos é uma questão que foi várias vezes colocada. Achamos que o futebol tinha uma palavra e uma responsabilidade social muito grande, quisemos estar sempre na vanguarda desse exemplo a dar, e por isso mesmo nunca quisemos abrandar as medidas tomadas: colocar os atletas e grande parte dos colaboradores em casa”, comentou, dando uma justificação para o Sporting não o fazer: “Seria possível fazer isso em alguns clubes, mas não seria igual para todos com a mesma segurança, poderíamos estar a ser injustos. Então houve um acordo generalizado para, enquanto não houver um abrandamento destas normas, manter esta rigidez de deixar os atletas em casa. Há uma onda de solidariedade para todos trabalharmos de mesma forma. Tem muito a ver com o exemplo que queremos passar para asocie da de.Éogran de tónico. Creio que o estado de emergência vai ser ampliado. Só depois do pico infeccioso, e depois de um período em que vai estabilizar e começar a diminuir, então deverá haver medidas de alívio e nesse sentido atuaremos e os atletas poderão ter outro tipo de abordagem ao treino já fora das suas residências. A Liga portuguesa esteve na vanguarda, tomámos as decisões mais duras de parar campeonatos e até treinos antes da deliberação do estado de emergência. Demos o exemplo. Foi uma decisão difícil, mas unânime em conjunto entre a Liga e os clubes”.
Desejo de acabar provas em segurança
Reconhecendo que é “complicado tentar reproduzir treinos para um ambiente doméstico”, assumiu que ainda é mais difícil “controlar os efeitos desta paragem que vai ser longa”. “O trabalho no domicílio pode amenizar a perda da forma física. Mas preocupa e pen
Clínico assumiu que a ansiedade na população cresce e nos atletas também, embora atenuada pelos exercícios. Pode haver fobia no regresso à normalidade
so que teremos de ter uma pré-época, ou mini-pré-época. Terá de ser muito bem planeado pois o que resta da temporada será muito condensado. Creio que conseguiremos encontrar uma solução. Mas não podemos ignorar e empurrar os atletas para este calendário muito apertado sem a devida preparação. Poderemos estar a cometer um grave erro e poderão surgir lesões muito graves e algumas que possam ter consequências para a carreira dos atletas. Mas é nossa meta conseguir concluir o campeonato que já começámos, de forma responsável e sem colocar os nossos ativos perante riscos desnecessários. Quatro semanas de prétemporada será o mais indicado”, defende João Pedro Araújo, que acredita que o regresso será altamente condicionado:
“Não vamos voltar à normalidade de um dia para o outro, o condicionalismo social irá manter-se. Vamos recomeçar com treinos a título individual, com parâmetros rigorosos de afastamento no relvado. Há um querer superior da FIFA e da UEFA de que se tentem terminar os campeonatos, alargando o período para os meses de verão, o que para nós é ótimo para preparar os atletas. Necessitaremos sempre de três dias completos entre cada jogo. Jogar domingo, quarta e sábado é claramente insuficiente e colocará os atletas em grande risco de lesão.” Outra preocupação neste momento entre os responsáveis clínicos é a vertente mental e emocional dos atletas, para os quais “as sessões em grupo servem para aliviar a ansiedade”.