O Jogo

André Bernardo é aposta na comunicaçã­o e no digital

JOÃO PEDRO ARAÚJO Diretor clínico do Sporting elogia o comportame­nto das entidades desportiva­s e dos atletas em Portugal

- RAFAEL TOUCEDO

Responsabi­lidade social é levada a sério, além de existir uma onda de solidaried­ade entre clubes e profission­ais, refere o médico leonino. Regresso desejado, mas com um mês de preparação anti-lesões

Od ire tor clínico do Sporting, João Pedro Araújo, abordou em conversa com os meios de comunicaçã­o a crise pandémica do coronavíru­s e os seus efeitos no desporto em Portugal e em particular no Sporting – onde salientou que “os dois testes efetuados” aos casos suspeitos “foram negativos” –, revelando que existe “uma onda de solidaried­ade entre os clubes” para que ninguém tire proveito da posse de infraestru­turas de qualidade superior para não se gerar uma injustiça no regresso à competição. Até porque, afirma com orgulho, o futebol e os atletas têm “uma responsabi­lidade social” que os leva a darem o exemplo ficando em casa.

“A Liga tem sabido agregar os seus membros sem espaço a rivalidade. Treinos dividindo os jogadores por grupos em vários campos é uma questão que foi várias vezes colocada. Achamos que o futebol tinha uma palavra e uma responsabi­lidade social muito grande, quisemos estar sempre na vanguarda desse exemplo a dar, e por isso mesmo nunca quisemos abrandar as medidas tomadas: colocar os atletas e grande parte dos colaborado­res em casa”, comentou, dando uma justificaç­ão para o Sporting não o fazer: “Seria possível fazer isso em alguns clubes, mas não seria igual para todos com a mesma segurança, poderíamos estar a ser injustos. Então houve um acordo generaliza­do para, enquanto não houver um abrandamen­to destas normas, manter esta rigidez de deixar os atletas em casa. Há uma onda de solidaried­ade para todos trabalharm­os de mesma forma. Tem muito a ver com o exemplo que queremos passar para asocie da de.Éogran de tónico. Creio que o estado de emergência vai ser ampliado. Só depois do pico infeccioso, e depois de um período em que vai estabiliza­r e começar a diminuir, então deverá haver medidas de alívio e nesse sentido atuaremos e os atletas poderão ter outro tipo de abordagem ao treino já fora das suas residência­s. A Liga portuguesa esteve na vanguarda, tomámos as decisões mais duras de parar campeonato­s e até treinos antes da deliberaçã­o do estado de emergência. Demos o exemplo. Foi uma decisão difícil, mas unânime em conjunto entre a Liga e os clubes”.

Desejo de acabar provas em segurança

Reconhecen­do que é “complicado tentar reproduzir treinos para um ambiente doméstico”, assumiu que ainda é mais difícil “controlar os efeitos desta paragem que vai ser longa”. “O trabalho no domicílio pode amenizar a perda da forma física. Mas preocupa e pen

Clínico assumiu que a ansiedade na população cresce e nos atletas também, embora atenuada pelos exercícios. Pode haver fobia no regresso à normalidad­e

so que teremos de ter uma pré-época, ou mini-pré-época. Terá de ser muito bem planeado pois o que resta da temporada será muito condensado. Creio que conseguire­mos encontrar uma solução. Mas não podemos ignorar e empurrar os atletas para este calendário muito apertado sem a devida preparação. Poderemos estar a cometer um grave erro e poderão surgir lesões muito graves e algumas que possam ter consequênc­ias para a carreira dos atletas. Mas é nossa meta conseguir concluir o campeonato que já começámos, de forma responsáve­l e sem colocar os nossos ativos perante riscos desnecessá­rios. Quatro semanas de prétempora­da será o mais indicado”, defende João Pedro Araújo, que acredita que o regresso será altamente condiciona­do:

“Não vamos voltar à normalidad­e de um dia para o outro, o condiciona­lismo social irá manter-se. Vamos recomeçar com treinos a título individual, com parâmetros rigorosos de afastament­o no relvado. Há um querer superior da FIFA e da UEFA de que se tentem terminar os campeonato­s, alargando o período para os meses de verão, o que para nós é ótimo para preparar os atletas. Necessitar­emos sempre de três dias completos entre cada jogo. Jogar domingo, quarta e sábado é claramente insuficien­te e colocará os atletas em grande risco de lesão.” Outra preocupaçã­o neste momento entre os responsáve­is clínicos é a vertente mental e emocional dos atletas, para os quais “as sessões em grupo servem para aliviar a ansiedade”.

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal