O Jogo

FPF FECHA PROVAS DE FORMAÇÃO

NÃO HAVERÁ CAMPEÕES, SUBIDAS NEM DESCIDAS

- TOMAZ ANDRADE

Medida abrange futebol e futsal, masculino e feminino

Final da Taça e Campeonato de Portugal continuam suspensos

Nuno Lobo, da AF Lisboa, isolado na crítica ao anúncio

Treinador do Shakhtar pede, agora que está praticamen­te toda a gente em casa e em suspenso, uma reflexão alargada sobre a nossa forma de olhar para o mundo. E para o futebol também

Na primeira aventura no estrangeir­o, Luís Castro mantém o Shakhtar como líder destacado na Ucrânia e com boas hipóteses de ir aos quartos de final da Liga Europa.

Como está a viver em Kiev, Ucrânia, toda esta situação relacionad­a com a Covid19?

—Não posso dizer que esteja a viver isto de forma tranquila e otimista. Estamos um pouco stressados e ansiosos, porque todos nós que viemos de Portugal para trabalhar aqui deixámos a família, os amigos e um país. As notícias que nos chegam não são as melhores e isso causa-nos ansiedade, tal como não estar perto da família e controlar de alguma forma a situação. Estamos em estado de emergência também. As pessoas relativiza­m um pouco as coisas, não são muito cumpridora­s e os autocarros andam cheios. Os centros comercias estão fechados e as indicações são para as pessoas ficarem em casa, mas sinto que a coisa não é muito levada a sério. Há 29 casos e três mortes. A informação é que assusta as pessoas e, para já, essa ainda não é pesada.

Há quanto tempo parou o futebol na Ucrânia?

—Parou há uma semana. Depois de jogarmos na Liga Europa, na Alemanha, de forma inexplicáv­el ainda fizemos um jogo para o campeonato, à porta fechada; a nossa cabeça já não estava nesse jogo. Depois de a UEFA ter adiado o Europeu, a liga ucraniana também decidiu suspender a atividade. Este deve ser um momento de reflexão e toda a gente deve sair disto com alguma coisa ganha, porque muito se vai perder. A perda de vidas humanas violentano­s.

O que podemos ganhar no futebol depois de tudo isto passar?

—Nos primeiros momentos muita gente vai ter cuidados, mas depois tudo voltará ao mesmo. Não há milagres, somos todos farinha do mesmo saco. Agora, já que estamos

“Estamos em estado de emergência, mas as pessoas relativiza­m e não são muito cumpridora­s” “Já que uns sofrem, os líderes mundiais que tenham a capacidade de perceber certas coisas que estão à nossa frente” “Foi dito por um analista do fenómeno que o Benfica tinha sido eliminado na Europa por uma equipa de dimensão regional” “Seria melhor apontar baterias para guerras que não provocamos: as guerras bacterioló­gicas” “Ainda pensei que pudéssemos reatar os treinos com grupos separados e pequenos, mas para já não é possível”

todos em casa, vamos refletir sobre o presente e projetarmo­s o que pode ser o futuro do mundo. Era bom refletir no que fizemos até hoje. Nestes pensamento­s que tenho feito, envergonho-me de algumas coisas e gosto de saber que fiz outras. Quando me envergonho de certas coisas, tento perceber porque as fiz.

Que coisas são essas?

—Às vezes fui mais agressivo com um ou outro ser humano que estava a trabalhar comigo e devia ter percorrido outro caminho para tentar atingir o mesmo fim. Não respeitei aqui e ali uma ou outra pessoa. Acho que o futuro pode vir a ser diferente. Há grandes líderes mundiais que têm o mundo nas mãos. Vejo tanto dinheiro gasto em armamento, em defesa e guerras que provocamos. Seria melhor apontar baterias para guerras que não provocamos, as guerras bacterioló­gicas, de maneira a prepararmo­s o mundo para isso. Fomos surpreendi­dos por um vírus que não controlamo­s e que nos obrigou a parar. Vi reportagen­s de pessoas com cancro que foram obrigadas a trabalhar e, de repente, vejo o mundo a obrigar a parar pessoas saudáveis. Isto leva-nos a pensar que o mundo está um pouco doido. Afinal, é possível parar? Tem custos? Claro que tem, mas o mundo tem de se preparar mais para isso do que gastar dinheiro em certas coisas. Devemos apostar no bem-estar. As pessoas que são mártires nesta batalha poderão ver, de alguma forma, recompensa pelo sofrimento. Nunca vale a pena chegar a conclusões através do sofrimento de outros, mas já que uns sofrem, os líderes mundiais que tenham a capacidade de perceber algumas coisas que estão mesmo à frente dos nossos narizes.

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