O Jogo

Primeiro sinal

- Manuel Queiroz

Há duas linhas no desporto: quem acha não se poder acabar as competiçõe­s e os que apostam em estender a época até onde for preciso

N ão há campeões, não há descidas nem subidas. Foi isso que a FPF decidiu ontem para o futebol de formação, masculino e feminino, e do futsal. Um longo comunicado da Federação em que se fala da saúde de avós, pais e netos e da necessidad­e de dar espaço para os estudos, explica a decisão extrema. As associaçõe­s não estavam todas de acordo mas a decisão parece justificad­a, à luz do que sabemos hoje. Ainda estamos do lado de cá da pandemia e começava a ser muito difícil manter aquelas provas. Tenho dúvidas sobre os sub-19 (juniores) – a Liga Revelação não está incluída na decisão –, que hoje estão mais próximos do futebol profission­al do que da formação e, assim, poderiam seguir o que vier a ser decidi doem relaçãoàIe II Liga( sob a alçada da Liga) e ao Campeonato de Portugal. Por exemplo: o Benfica ainda está interessad­o na Youth League (de momento ainda só suspensa) e fica com as suas equipas paradas. No penúltimo ponto do comunicado, diz-se que “as restantes competiçõe­s organizada­s pela FPF permanecem suspensas” e o último reza assim: “A situação provocada pela pandemia de Covid-19 continuará a ser monitoriza­da pelo Grupo de Emergência criado pelo Presidente da FPF, que poderá rever – ampliando ou reduzindo – as medidas agora implementa­das.” Há neste momento duas linhas no desporto: os que acham que não haverá condições para acabar as competiçõe­s e aqueles que apostam em estender a época até onde for necessário. Mas começa a haver fadiga da espera. Os médicos já avisaram que não se pode voltar a competir sem três ou quatro semanas de preparação de futebol – neste momento, os jogadores não treinam futebol, como é óbvio. Os treinadore­s começam a ter dificuldad­e em manter os jogadores com um mínimo de vontade de trabalhar. Não é muito fácil ver jogos de futebol no intervalo de conferênci­as de Imprensa da dra. Graça Freitas a anunciar o número de mortos. Ou seja, esta decisão pode ser um sinal. É que, ao nível mais elevado, também vai ser muito, muito difícil acabar as competiçõe­s, até porque, depois de dois meses de interregno, no mínimo, a competição não é bem a mesma. Começa-se a querer terminar uma prova que já acabou de facto. Só que aí é preciso tomar outras decisões: por exemplo, quem vai à Liga dos Campeões…

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