O Jogo

“PLANALTO” SÓ EM MAIO

PREVISÃO Graça Freitas, diretora da Direção-Geral de Saúde, explica que a evolução da Covid-19 em Portugal vai atrasar o pico do surto, mas alerta que a curva não vai cair de um dia para o outro

- ANA LUÍSA MAGALHÃES MÓNICA SANTOS

Registam-se 4268 infetados, num aumento de 20,4% em relação a quinta-feira, enquanto mais 16 pessoas perderam a vida. Casos em lares continuam a crescer e a ONU pede mais proteção aos idosos em todo o mundo

As previsões projetavam o pico do surto para 14 de abril, mas a evolução da Covid-19 em Portugal está a ser mais lenta do que isso, explicou Graça Freitas, diretora-geral da saúde. “Pelos boletins, podemos ver que há uma tendência em retardar um pouco a velocidade da doença e com que a curva está a subir. Se a retardarmo­s a curva, o pico será mais adiante. Com os dados que temos, nunca deverá ser antes de maio, mas isto são previsões”, afirmou Graça Freitas, que também desmistifi­cou o conceito de “pico”: “Se calhar temos de começar a falar em planalto: quando chegarmos ao máximo dos casos da curva, andaremos ali alguns dias ou semanas, até porque sabemos que esta doença dura muito tempo.”

A duração da luta contra o vírus também justifica, afirma a líder da DGS, a evolução lenta do número de recuperado­s: manteve-se nos 43, enquanto se registaram mais 16 mortes em relação ao dia anterior – são 76 no total. Por outro lado, os casos confirmado­s subiram 20,4% para 4268, mas 89% dos pacientes estão a ser tratados em casa. A nível geográfico, o Porto é agora o concelho com mais casos: tem 317 dos 2443 registados na região norte. Seguem-se Lisboa (284) e Gaia (262).

Idosos exigem resposta da sociedade

Famalicão, Vila Real, Maia, Albergaria, Pombal, Santo Tirso – o mapa dos casos de lares de idosos em que se verificara­m casos de Covid-19 está a crescer, sem que ser conhecido o número de mortes. Graça Freitas assegurou que “será publicado oportuname­nte” e que os óbitos “não são ainda em número significat­ivo”. Os surtos nas unidades que acolhem a população mais exposta “começaram há pouco tempo” e “entre a data do início de sintomas e o desfecho fatal há um período que é relativame­nte longo”, explicou, ressalvand­o quehá“situaçõesq­ueevoluem de forma muito rápida e dramática”. Essencial, apelou, é tomar “medidas preventiva­s”, pois estes espaços são potenciais focos de surtos, por agregarem “a população mais vulnerável entre as vulnerávei­s”. Em Portugal, 300 mil idosos vivem em instituiçõ­es, há 2500 lares licenciado­s e estima-se outros tantos em situação ilegal.

Ontem, meia centena de peritos da ONU (Organizaçã­o das Nações Unidas) subscrever­am um comunicado em que classifica­m de “alarmante e inaceitáve­l” o abandono de idosos. “A sociedade tem o dever de mostrar solidaried­ade e de proteger melhor os idosos, que estão a sofrer a pior parte da pandemia”, denunciara­m.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal