A GUERRA DAS DATAS
Andebol recusa Tóquio na primavera e a NBA não dispensará as estrelas. Federações dificilmente se irão entender
Os diferentes interesses entre modalidades coletivas, que jogam os títulos na primavera, e individuais, que têm o pico no verão, já geraram uma troca de recados entre dirigentes de topo
A Federação Europeia de Andebol (EHF) não quer os Jogos Olímpicos de Tóquio na primavera de 2021 e a NBA informou ontem que, sendo o evento em março ou abril do próximo ano, os seus profissionais não estarão disponíveis, o que obrigará os Estados Unidos a alinhar com jogadores universitários no basquetebol. O voleibol ainda não tomou posição, mas, como era fácil prever, as modalidades coletivas não irão aceitar uns Jogos antes do verão.
“As diferentes modalidades estão claramente expostas aos seus problemas de calendário, emmomentosparticularesdo ano. Provavelmente, não vamos chegar a uma solução que satisfaça todos, terá de haver flexibilidade nos dois próximos anos”, disse, em conferência de Imprensa, Sebastian Coe, presidente da World Athletics. O atletismo já se mostrou disponível para alterar a data dos seus Mundiais, marcados para agosto de 2021, mas os Jogos na primavera seriam um alívio para a modalidades, tal como para natação e ginástica, as outras duas modalidades olímpicas com mais poder.
Se os desportos individuais “votam” por Tóquio na primavera, o austríaco Michael Wiederer, presidente da EHF, diz que isso “afetaria dramaticamente todas as provas”. O Mundial de andebol será de 14 a 31 de janeiro de 2021, no Egito, comprimindo já as datas das competições europeias e doscampeonatosnacionaisda modalidade. Ter os Jogos em março ou abril “não é uma opção desejável”.
Pior ainda poderá estar o basquetebol. “Temos de esperar, mas sabendo de antemão que os nossos jogadores são os da NBA”, avisou Jerry Colangelo, diretor da seleção dos EUA, lembrando que o principal campeonato da modalidade poderá ter um calendário ainda mais difícil na próxima época caso a atual se prolongue até agosto. Com os Jogos na primavera, dificilmente os profissionais estarão disponíveis, restando, no caso do EUA, convocar os universitários da NCAA, embora esses também tenham as finais marcadas para a primeira semana de abril de 2021. “Há muita logística. Mudar datas na NBA não é fácil”, terminou Colangelo.