O Jogo

Guerra do “lay-off”

AVISO Belenenses e Chaves já avançaram, mas há outros clubes que ponderam fazer o mesmo e a ameaça começa a alastrar

- HUGO SOUSA

Sindicato dos Jogadores questiona legitimida­de e legalidade

“Atitude egoísta (...) É um abuso de direito, uma atitude oportunist­a dos clubes de futebol”

Comunicado Sindicato dos Jogadores

Lisboetas e flavienses assumiram oficialmen­te terem requerido o regime legal que o Sindicato dos Jogadores já condenou, mas há outros clubes em cima do muro e prontinhos a saltar

Belenenses e Chaves foram os dois primeiros clubes portuguese­s a assumir formalment­e a entrada em “lay-off ”, mas outros ponderam seguirlhes o exemplo. O Estado definiu para as empresas em geral interessad­as nesse mecanismo legal um regime simplifica­do para acelerar o processo, com os fundamento­s exigidos a serem apreciados mais tarde, e os clubes acreditam que estão também abrangidos por essa simplifica­ção, argumentan­do não só com uma quebra de receitas dentro dos parâmetros definidos para solicitar o apoio mas também, e acima de tudo, com o fim de atividade determinad­o pela interrupçã­o dos campeonato­s.

Segundo alguns jogadores ouvidos por O JOGO, Joaquim Evangelist­a, presidente do Sindicato dos Jogadores (SJ), ter-lhes-á confidenci­ado dúvidas de que o Estado venha a aceitar os argumentos dos clubes que já avançaram, ou que venham a avançar, com os pedidos de “lay-off ”. No comunicado oficial divulgado ontem pelo SJ, em reação aos avanços efetuados, Evangelist­a lamentou a decisão, feita à revelia de negociaçõe­s em curso com a Liga. “O Sindicato dos Jogadores condena, além desta falta de respeito para com os profission­ais de futebol, uma atitude egoísta que lesa todos os portuguese­s, porquanto se pretende requerer os cortes salariais e os apoios da Segurança Social à semelhança da esmagadora maioria das empresas portuguesa­s em agonia. É manifestam­ente um abuso de direito, uma atitude oportunist­a dos clubes de futebol ao colocarem-se nesta posição”, lê-se.

O JOGO procurou uma reação de todos os emblemas das competiçõe­s profission­ais e, apesar de alguns terem manifestad­o reserva em comentar oficialmen­te o assunto, admitiram estar atentos, interessad­os eà espera de uma clarificaç­ão. Um movimentoc­on certado coma Ligaév isto como ideal por uma esmagadora maioria, até porque há nuances que justificam algumas hesitações. Os valores-limite definidos pelo regime de“layoff”(1905€i líquido sé o máximo) estão, numa escala ainda importante, bem abaixo dos contratos acertados entre clubes e muitos jogadores (embora seja preciso recordar queo “lay off afetará outros funcio

nários, e não apenas jogadores, com rendimento­s bem mais modestos). Aliás, são tantas as complexida­des que Vítor Franco, presidente do Casa Pia, até ironizou no testemunho dado a O JOGO. “Temos de levar três juristas para as reuniões”.

Outros emblemas, ao que apurámos, hesitam também em avançar para o “lay-off” por temerem que daí resulte um descontent­amento dos atletas que possa compromete­r aspirações desportiva­s quando as competiçõe­s forem retomadas. Negociar ajustes salariais temporário­s, eventualme­nte compensado­s com acertos futuros, éa alternativ­a ponderada. Em todo ocaso, o estrangula­mento financeiro­é de tal ordem que ninguém coloca de parte o “lay-off ”, nem que seja à pressão. Ou maneira de pressionar. Os presidente­s da II Liga tiveram ontem reunião por videoconfe­rência agendada para entrar pela noite dentro à procura de uma resposta.

Jogadores do Belenenses sabiam desde a semana passada que o clube iria dar este passo, porque houve conversas, e foram agora notificado­s por email da decisão formal de avançar para lay-off parcial. O regime aplicável limita o ordenado máximo a 1905 euros ilíquidos

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