O Jogo

“É CLARO QUE PENSO EM VOLTAR”

“Aceito a redução de salário”

- CARLOS GOUVEIA

Bruno Costa saiu do Dragão a sete pontos do líder

Agora no Portimonen­se, o médio não vê condições para o campeonato regressar e aceita reduzir o seu salário por causa da pandemia. Voltar a “casa” ainda está nos seus planos

Bruno Costa deixou o FC Porto (onde estava desde os 13 anos) em janeiro, mudandose a título definitivo para o Portimonen­se, mas ainda participou em seis jogos de uma época marcada pela interrupçã­o das competiçõe­s devido à pandemia da covid-19. Aliás, não vê condições para o regresso aos relvados e, por isso, está disposto a cortar no seu ordenado. Em conversa com O JOGO, o médio explica qual o segredo para a recuperaçã­o da liderança por parte dos portistas, como foi o regressar ao Dragão como adversário e mostra-se otimista quanto à permanênci­a do Portimonen­se na I Liga.

Começou no FC Porto e depois mudou-se para Portimão. Que balanço faz da época até à data?

—É uma época especial porque foi aquela em que saí do FC Porto, onde passei muito tempo. É uma mudança estranha. Saí da minha zona de conforto, mas vim para um clube muito bom, onde fui bem acolhido. Estou a gostar. Em termos futebolíst­icos, não estamos muito bem na tabela classifica­tiva, mas estamos confiantes que, se isto voltar, podemos melhorar a classifica­ção.

A saída foi a título definitivo. Isso significa que o sonho de ser importante no FC Porto acabou?

—Claro que ainda penso nisso. Saí da minha casa, mas penso em voltar. Estaria a mentir se dissesse que não penso nisso, mas agora estou focado no Portimonen­se.

Foi difícil tomar a decisão de sair?

—Foi a mais difícil, sem dúvida. Ainda por cima, foi na altura em que o meu filho ia nascer e não queríamos ir para muito longe. Eu e a minha mulher tivemos de pensar muito, em conjunto. Mas foi para o bem dos três.

Os campeonato­s deviam terminar ou ficar como estão?

—Já pensei muito nessa questão, confesso. Mas não consigo responder. Depende de como este vírus vai evoluir. Neste momento, não vejo condições para que o futebol volte, mas no futuro quem sabe.

Na Bélgica estão a ponderar atribuir já o título. Está a ver acontecer o mesmo por cá?

—Da mesma forma que não sei responder a se o campeonato tem condições para acabar, também não consigo dizer isto. Se acabasse agora, haveria clubes que iam gostar e outros que não. É uma decisão que tem de ser tomada por quem de direito no futuro.

O FC Porto seria um justo campeão?

—Claro que sim.

Saiu do Dragão com a equipa a sete pontos do Benfica e agora está na frente. Surpreende­u-o? Qual o segredo?

—Não surpreende­u porque lá não pensávamos nos sete pontos, mas sim em ganhar os nossos jogos. Não pensávamos no Benfica. Foi uma questão de aproveitar as escorregad­elas deles. O FC Porto focado no seu trabalho, ganhar jogo a jogo e não se deixou levar pela pressão dos sete pontos.

Sentiu que a equipa foi injustiçad­a nesse período em que estava atrás?

—É como tudo na vida: quando se está mal, fala-se muito, quando se está bem também se fala. Nós mantivemo-nos focados apenas em fazer o que tínhamos a fazer. O resto ficava à porta do Olival.

Contava ter jogado mais no FC Porto?

—Sim, claro. Todos os jogadores pensam em jogar mais tempo. Quando me estreei em Liverpool sabia que, nessa época, dificilmen­te faria mais algum jogo pela equipa principal. Depois, o mister

ATUALMENTE LIGADO AO PORTIMONSE, ESTÁ ASSUSTADO COM ESTE MOMENTO, MAS ADMITE CORTES SALARIAIS

Bruno Costa fez seis jogos pela equipa principal do FC Porto esta época antes de sair, no mercado de inverno, para o Portimonen­se. No Algarve participou em mais sete desafios

“Neste momento não vejo condições para que o futebol volte. No futuro, quem sabe...”

“Saí do FC Porto, onde passei muito tempo. É uma mudança estranha. Saí da minha zona de conforto” “[Voltar?] Tem de haver duas semanas de pré-época. Entrar assim de repente em jogo é que não seria bom” “Todos temos de fazer sacrifício­s e, como tal, muitos jogadores já aceitaram reduzir o salário sem problema” “Saí da minha casa [FC Porto], mas penso em voltar. Estaria a mentir se dissesse que não” “Conceição ajudou-me bastante. Eu era um miúdo e tinha de ganhar agressivid­ade e competitiv­idade”

chamou-me para a pré-temporada e nessa esperava ter feito mais jogos, mas foram as suas opções. Agora estou noPortimon­ense,ajogarcom regularida­de, e sinto-me bem.

Que papel teve Sérgio Conceição na sua carreira?

—Foi um treinador que me ajudou bastante, mostrou-me coisas diferentes do futebol. Não sabia o que era uma equipa principal. É um treinador muito específico e ajudou-me com coisas que ainda não tinha. Eu era um miúdo e tinha de ganhar agressivid­ade, competitiv­idade de jogo.

O que lhe disse Sérgio Conceição na despedida?

—O míster sempre me elogiou muito, dava-me muita confiança. Desejou-me o melhor, boa sorte e que continuass­e a trabalhar.

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