VAMOS A VER Experiências importantes
As palavras de Manuel Neuer são pungentes: “Foi bom ver os colegas ao vivo outra vez.” Mas o regresso do Bayern Munique aos treinos parece precoce a muita gente, e eu não deixo de torcer o nariz também. Porque o impacto da pandemia da covid-19 recrudesceu na última semana na Alemanha e, aliás, porque continua muito longe do pico na maior parte dos países do mundo, embora alguns europeus estejam já mais claramente perto dele. Que é uma experiência útil, é. Como o é o anúncio, feito pela Áustria, de que começará na próxima semana a reduzir as medidas de “lockdown” – com reabertura de lojas, restaurantes e centros comerciais –, privilegiando a generalização do uso de máscaras. Aprenderemos com ambas as experiências, o futebol português como o país. Oxalá sejam bemsucedidas, tanto uma como a outra: precisamos de voltar à normalidade, precisamos de mitigar os efeitos desta tragédia na economia, precisamos do futebol de regresso – precisamos de viver. Mas não deixa de haver, nestas duas decisões, sinais de vitória que podem ser perigosos. Porque nós, os que, deste lado dos média, lemos e ouvimos sobre aqueles jogadores, não podemos ser testados diariamente antes de nos pormos (passe a metáfora) a cabecear a mesma bola. E porque nós, os deste lado dos Alpes, também não temos a mesma propensão para observar com rigor, natural e (sobretudo) automaticamente, as novas regras de distanciamento social. E, caramba, se pensarmos bem, quantas pontas soltas sanitárias tinham cinco minutos de vida normal antes desta crise?