O ódio é “amigo” de muito interesse
Líder da Torcida Verde aponta: “Adeptos lutam entre si; os donos da bola lucram entre si”
A Torcida Verde diz-se alheia à onda de violência associada às claques, ressurgida neste mês de maio coma segundaescaramuça entre adeptos de Sporting e Benfica no espaço de oito dias. Contudo, o segundo mais antigo grupo de adeptos dos verdes e brancos não deixa, pelo seu máximo responsável, Luís Carlos, de tecer ásperas críticas ao ambiente gerado.
Temendo que a guerra por uma postura sã possa estar perdida e apontando interesses ocultos no atual panorama de truculência e também de pandemia (ler a página 10), Luís Carlos considera que o espírito das claques se desvirtuou: “O ódio arruinou completamente o movimento das claques. O ódio interessa a muita gente. Não duvido que a instrumentalização desse sentimento pode dar jeito.”
O líder da claque fundada em 1984 vai mesmo ao ponto de acusar responsáveis dos próprios clubes de práticas imprópriasem prejuízo dos mesmos, escondidos por trás do manto da violência: “É mais fácil odiar alguém que é adversário, do que quem explora os clubes e os deixa num estado caótico. Enquanto os adeptos lutam entre si, os donos da Bola lucram entre si. Isto é atual. Realmente, enquanto andarmosenvolvidos nesta barbárie sem cor.”
Os níveis de ressentimento geram preocupação no responsável primeiro pela Torcida Verde, uma claque que se tem como ordeira. “O ódio de que falo está a atingir níveis inacreditáveis. Fez 75 anos que o campo de Auschwitz foi libertado, mas não me admira que outra loucura possa suceder no mundo perante os fenómenos de ressentimento a que vamos assistindo na sociedade. Este aproveitamento do ódio no futebol é espelho disso mesmo.”