ALUNOS A... DOBRAR
Yan Said, Hornicek e Miguel Falé estão a vivenciar todo um mundo novo, por entre treinos e estudos no... hotel
Chegou tudo ao mesmo tempo: a promoção ao plantel principal, o confinamento num hotel e os estudos à distância. Os três jovens assumem que foi difícil a adaptação a uma mudança tão drástica
Depois de terem sido suspensos os campeonatos da formação, Yan Said, Lukas Hornicek (sub-19) e Miguel Falé (sub-17) foram promovidos por Custódio ao plantel principal. No entanto, ficaram a saber, pouco depois do arranque dos treinos, que iriam ter de ficar confinados num hotel até ao final da temporada. O motivo é óbvio; questões de segurança pelos tempos anormais que vivemos devido à pandemia. Neste caso, todos tiveram de conciliar esta nova aventura desportiva ao mais alto nível com os estudos, uma vez que são ainda menores de idade – Yan Said e Hornicek têm 17 anos, Miguel Falé apenas 16.
O JOGO foi procurar saber como os três têm sido capazes de ultrapassar tantas mudanças num tão curto espaço de tempo, sendo que o caso mais exigente é mesmo o de Yan Said, filho de Wender. O jovem avançado está a frequentar o 12.º ano e quer entrar no Ensino Superior em Desporto; está dispensado de frequentar as aulas presenciais (acompanha à distância), mas tem de estudar diariamente, sobretudo para o exame nacional de português, que irá ter de realizar a 6 de julho – entre os jogos em casa com o Aves (dia 4) e a visita a Paços de Ferreira (10). “Esta nova fase tem sido difícil, o que é sempre normal numa grande mudança”, começou por contar Yan Said, a O JOGO. “No início questionamos sempre se vai dar certo, mas a verdade é que aos poucos fui-me adaptando a esta mudança tão drástica na minha vida. Fui aprendendo a matéria, como se estivesse em aulas presenciais, e também a conciliar as aulas online com os meus tempos livres e de trabalho, como sempre aconteceu”, explicou.
A situação de Lukas Hornicek é diferente. O guarda-redes chegou a Portugal no início da época, mas continuou inserido no sistema de ensino da República Checa, de onde é natural. Neste momento, tem as aulas e os exames suspensos até ao final do ano letivo, mas mantém o estudo de forma a não estar tanto tempo afastado da escola. “No meu caso torna-se bem mais difícil, porque tenho de ser o meu próprio professor. É um desafio, vejo-o dessa forma, e sei que tenho de estar à altura, porque é importante manter essa parte da minha formação”, contou-nos.
Dentro das circunstâncias, Miguel Falé até é o que tem a vida mais facilitada – se é que há facilidades neste contexto... O avançado celebrou 16 anos apenas em janeiro e está a cumprir o 10.º ano de escolaridade, ou seja, sem a necessidade de realizar exames ou de ter aulas presenciais. “É um contexto completamente novo e é também um grande desafio para todos os alunos. É claro que as aulas e o acompanhamento presencial têm muitas vantagens, mas tenho procurado seguir a matéria através da realização dos exercícios que as professoras me enviam”, afirmou. Neste caso, a única diferença é que Miguel Falé tem o tempo bem mais limitado do que os outros miúdos da mesma idade, até porque, tal como Said e Hornicek, são obrigados a aproveitar os finais de tarde e início da noite para estudar (e depois de um dia de grande atividade física). É toda uma vida de sacrifício em busca de um sonho maior: tornarem-se jogadores profissionais de futebol. Se não der, ficam os estudos.
“Procuro seguir a matéria através dos exercícios que as professoras me enviam”
Miguel Falé
Avançado
“Tenho de ser o meu próprio professor. É um desafio e sei que tenho de estar à altura”
Lukas Hornicek
Guarda-redes
“Aos poucos fui-me adaptando a esta mudança drástica”
Yan Said
Avançado