O Jogo

Marítimo bloqueou as cinco substituiç­ões

Carlos Pereira: “A declaração seria ilegal”

- CARLOS PEREIRA SANTOS MELO ROSA CAROLINA RODRIGUES ARMINDO CALÇÃO

Tal como O JOGO escreveu ontem, os madeirense­s tinham reservas sobre a adoção da medida antes de esta ser ratificada em Assembleia Geral da Liga, que está agendada apenas para dia 9

O Marítimo mostrou-se irredutíve­l e impossibil­itou, ontem, um entendimen­to para a introdução das cinco substituiç­ões por jogo antes de a mudança ser discutida e aprovada em Assembleia Geral (AG) da Liga, como mandam os regulament­os. A AG está marcada para o próximo dia 9, ou seja, já depois da jornada que marca a retoma do campeonato. Significa isto que, pelo menos nessa primeira jornada, os treinadore­s só estarão autorizado­s a fazer as três substituiç­ões habituais, adiando-se, assim, a introdução da medida excecional que visa proteger fisicament­e os jogadores e acautelar efeitos da paragem prolongada ditada pela pandemia de covid-19.

O JOGO já escrevera ontem que os madeirense­s, e também o Benfica, apesar de terem concordado com a alteração regulament­ar numa sondagemin­icialfeita,viae-mail, pela Liga, mostraram depois reservas quanto à validade dessa mudança sem a obrigatóri­a ratificaçã­o em AG. Temiam ambos que isso pudesse ser pretexto para uma futura impugnação de resultados. O Marítimo garante ter proposto que a AG fosse antecipada para dia 2 de junho, porque não está contra as cinco substituiç­ões - aliás, terá mesmo apresentad­o um parecer técnico favorável à medida - mas, mantendo-se dia 9, mostrouse intransige­nte na recusa a viabilizar uma declaração conjunta dos clubes que permitisse antecipar a mudança. Face a essa intransigê­ncia, a medida caiu por terra.

“Não vamos impugnar, mas era ilegal”

A O JOGO, Carlos Pereira, presidente do Marítimo, confirmou que o clube se negou a assinar a declaração, mas rejeitou a ideia de que tenha barrado a medida. “O Marítimo não bloqueou nada. Apenas chamámos a atenção de que aquilo estava irregular, que tinha vícios formais e que, tal como aconteceu da outra vez, as decisões que estão a ser tomadas, não é a Direção que tem poderes para tal e, então, chamamos à atenção e a Liga retirou isso do ponto da ordem de trabalhos”, esclareceu. “O Marítimo declara, clara e inequivoca­mente, que está a favor da retoma da competição e que não restem nenhumas dúvidas em relação a isso. O que o Marítimo discorda, como sempre fez porque é coerente com aquilo que faz desde o início, é do procedimen­to adotado, porque a Direção não é o órgão competente para tomar esta decisão”, reforçou. E deixou uma garantia: “O Marítimo declara que renuncia a qualquer faculdade de impugnar o campeonato, seja na primeira, na quinta ou na décima jornada. Nós não aceitamos é assinar uma declaração, que foi mandada ontem [anteontem] e hoje [ontem] de manhã, porque ela é ilegal”. “Se não fossem chamados à atenção que aquilo era ilegal, se calhar não tinham tirado esse ponto da ordem de trabalhos, porque, para os clubes que ganharem os jogos, existia o risco de haver uma contestaçã­o e com esse protesto virem a perder os jogos. Porque só reclama quem perde e, então, para evitar isso nós fizemos esta chamada de atenção. A Liga, e bem, apercebeu-se e retirou”. E deixou ainda uma alfinetada. “A Liga teve todas as condições para fazer uma AG no dia 2 de junho e não a quis nesse dia. Se o fizesse, esta medida seria aprovada em AG. A Liga arranjou argumentos para dizer que não podia ser, quando nós não encontramo­s argumentos para isso. A primeira jornada não seria no dia 4? Fizeram a sua antecipaçã­o [passou para dia 3], mas não quiseram fazer a antecipaçã­o da AG”, rematou.

Paulo Meneses, presidente do Paços de Ferreira, também a O JOGO, lamentou a situação. “Andei dois meses a pregar no deserto. Sempre disse que a regulament­ação para estas dez jornadas deveria estar feita com antecedênc­ia e não me venham dizer que houve falta de tempo, porque houve tempo suficiente para marcar as assembleia­s no sentido de a legislação estar homologada. Concordo no conteúdo com o presidente do Marítimo, acerca das substituiç­ões, mas não concordo com a forma”, frisou.

“O Marítimo renuncia a qualquer faculdade de impugnar o campeonato (...) Não aceitamos é assinar uma declaração porque ela é ilegal”

Carlos Pereira Presidente do Marítimo

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Só serão permitidas três substituiç­ões na primeira jornada que marca o regresso do campeonato

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