“Todo o processo é clarinho”
David Luiz pediu definição ao Arsenal Luís Nazaré explica a O JOGO frente a frente com a Direção que o levou a demitir-se \\ Presidente da Mesa da AG, que se sentiu encurralado, foi já substituído
Dirigente demissionário pretendia que a próxima reunião de sócios fosse realizada pela internet, numa decisão que esbarrou contra a Direção, como comprova a carta a que O JOGO teve acesso
Luís Nazaré bateu com a porta e pediu a demissão do cargo de presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG), que exercia há uma década. Oficialmente, como revelou em carta enviada ao executivo liderado por Luís Filipe Vieira, o dirigente demissionário argumentou que deixa o posto devido à “insuperável incompatibilidade de posições com a Direção acerca do formato e do sistema de sufrágio da próxima Assembleia Geral do clube”. De facto, este foi o tema da discórdia, mas o presidente da MAG, segundo O JOGO apurou,sentiu-seencurralado pela posição definida pela Direção e pelos outros elementos do órgão a que presidia.
Defendia Luís Nazaré que a AG de apresentação e votação do próximo orçamento do clube, prevista para meados de junho, deveria ser feita através do site do clube, mediante registo anterior, de forma a evitar riscos de contágio da covid19. A decisão, estatutariamente, é do presidente da MAG, mas os restantes dirigentes rebateram-na, alegando que os estatutos definem que a AG tem de contar com a presença física dos sócios e que muitos deles não conseguiriam ou saberiam fazer uso dos seus direitos via internet.
O gestor, professor universitário e político de 63 anos abdicou anteontem à noite, poucas horas antes de receber uma carta assinada por todos os elementos da Direção em que, além de ser historiado o processo, finalizavam a missiva com um aviso. No último parágrafo pode ler-se que qualquer decisão a tomar na referida AG suscitaria “a apreciação judicial da validade deste processo”, referindo-se à opção pela AG virtual. No comunicado oficial ontem redigido, a Direção limitou-se a explicar o âmbito estatutário e a garantir que tinha dado indicações para que fosse realizada a AG segundo as indicações de Luís Nazaré.
“Cada um fará as leituras que bem entender”
Na reação, o agora ex-líder da MAG encarnada realçou que “as opiniões são livres e expressas como cada um entender”. “As leituras, cada um fará as que bem entender, mas aquilo que disse está na carta. Procurei ser explícito e claro nessa carta para não ter de fazer outros esclarecimentos, como quem se demite por problemas pessoais e depois ninguém sabe porque o fez. Outras coisas são outras coisas, o motivo é aquele”, referiu a O JOGO, recusando clarificar quais as divergências de fundo a que aludiu na sua carta de demissão. “Não comento, é o que está ali. Não havia condições para Assembleia Geral e voto presencial”, reafirma. “Não são decisões tomadas de ânimo leve, isto tem um histórico que já dura há um mês. Todo o processo é clarinho em relação às posições de todas as partes, não há truques aqui”, acrescentou, sem se querer alongar mais sobre o assunto.
Duque Vieira promovido e com batata quente
Luís Nazaré avançou com ao pedido de demissão, o segundo nos 20 anos de filiação diretiva às águias. Antes, em 2001, demitiu-se do Conselho Fiscal na sequência da reação de outros dirigentes da Direção então liderada por Manuel Vilarinho às interrogações levantadas pelo seu órgão relativamente ao financiamento do novo estádio. Voltou pela mão de Luís Filipe Vieira e volta a sair, numa decisão que, segundo apurámos, não foi bem recebida na Luz.
O posto de presidente da MAG das águias não demorou
“Não são decisões tomadas de ânimo leve, isto tem um historial que já dura há um mês. Todo o processo é clarinho. Não há truques aqui” Luís Nazaré Presidente da MAG demissionário
Luís Nazaré queria evitar riscos da covid-19 com votação no site do clube. Outros dirigentes recusaram correr riscos de rejeição judicial das decisões
a ser preenchido, tendo sido seguidos os estatutos que apontam para a promoção do vice-presidente, no caso Virgílio Duque Vieira (ver peça ao lado), que tem de imediato dois processos para resolver. O primeiro, mais pacífico, tem a ver com a marcação da próxima AG de votação do orçamento do clube para 2020/21. O segundo está relacionado com as eleições de outubro e a intenção anunciada de Bruno Costa Carvalho de avançar para eleições, com o problema de ter apenas 18 anos de associado consecutivamente e os estatutos atuais apontarem para 25 anos.