O Jogo

“Todo o processo é clarinho”

David Luiz pediu definição ao Arsenal Luís Nazaré explica a O JOGO frente a frente com a Direção que o levou a demitir-se \\ Presidente da Mesa da AG, que se sentiu encurralad­o, foi já substituíd­o

- VÍTOR RODRIGUES PAULO NUNES TEXEIRA

Dirigente demissioná­rio pretendia que a próxima reunião de sócios fosse realizada pela internet, numa decisão que esbarrou contra a Direção, como comprova a carta a que O JOGO teve acesso

Luís Nazaré bateu com a porta e pediu a demissão do cargo de presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG), que exercia há uma década. Oficialmen­te, como revelou em carta enviada ao executivo liderado por Luís Filipe Vieira, o dirigente demissioná­rio argumentou que deixa o posto devido à “insuperáve­l incompatib­ilidade de posições com a Direção acerca do formato e do sistema de sufrágio da próxima Assembleia Geral do clube”. De facto, este foi o tema da discórdia, mas o presidente da MAG, segundo O JOGO apurou,sentiu-seencurral­ado pela posição definida pela Direção e pelos outros elementos do órgão a que presidia.

Defendia Luís Nazaré que a AG de apresentaç­ão e votação do próximo orçamento do clube, prevista para meados de junho, deveria ser feita através do site do clube, mediante registo anterior, de forma a evitar riscos de contágio da covid19. A decisão, estatutari­amente, é do presidente da MAG, mas os restantes dirigentes rebateram-na, alegando que os estatutos definem que a AG tem de contar com a presença física dos sócios e que muitos deles não conseguiri­am ou saberiam fazer uso dos seus direitos via internet.

O gestor, professor universitá­rio e político de 63 anos abdicou anteontem à noite, poucas horas antes de receber uma carta assinada por todos os elementos da Direção em que, além de ser historiado o processo, finalizava­m a missiva com um aviso. No último parágrafo pode ler-se que qualquer decisão a tomar na referida AG suscitaria “a apreciação judicial da validade deste processo”, referindo-se à opção pela AG virtual. No comunicado oficial ontem redigido, a Direção limitou-se a explicar o âmbito estatutári­o e a garantir que tinha dado indicações para que fosse realizada a AG segundo as indicações de Luís Nazaré.

“Cada um fará as leituras que bem entender”

Na reação, o agora ex-líder da MAG encarnada realçou que “as opiniões são livres e expressas como cada um entender”. “As leituras, cada um fará as que bem entender, mas aquilo que disse está na carta. Procurei ser explícito e claro nessa carta para não ter de fazer outros esclarecim­entos, como quem se demite por problemas pessoais e depois ninguém sabe porque o fez. Outras coisas são outras coisas, o motivo é aquele”, referiu a O JOGO, recusando clarificar quais as divergênci­as de fundo a que aludiu na sua carta de demissão. “Não comento, é o que está ali. Não havia condições para Assembleia Geral e voto presencial”, reafirma. “Não são decisões tomadas de ânimo leve, isto tem um histórico que já dura há um mês. Todo o processo é clarinho em relação às posições de todas as partes, não há truques aqui”, acrescento­u, sem se querer alongar mais sobre o assunto.

Duque Vieira promovido e com batata quente

Luís Nazaré avançou com ao pedido de demissão, o segundo nos 20 anos de filiação diretiva às águias. Antes, em 2001, demitiu-se do Conselho Fiscal na sequência da reação de outros dirigentes da Direção então liderada por Manuel Vilarinho às interrogaç­ões levantadas pelo seu órgão relativame­nte ao financiame­nto do novo estádio. Voltou pela mão de Luís Filipe Vieira e volta a sair, numa decisão que, segundo apurámos, não foi bem recebida na Luz.

O posto de presidente da MAG das águias não demorou

“Não são decisões tomadas de ânimo leve, isto tem um historial que já dura há um mês. Todo o processo é clarinho. Não há truques aqui” Luís Nazaré Presidente da MAG demissioná­rio

Luís Nazaré queria evitar riscos da covid-19 com votação no site do clube. Outros dirigentes recusaram correr riscos de rejeição judicial das decisões

a ser preenchido, tendo sido seguidos os estatutos que apontam para a promoção do vice-presidente, no caso Virgílio Duque Vieira (ver peça ao lado), que tem de imediato dois processos para resolver. O primeiro, mais pacífico, tem a ver com a marcação da próxima AG de votação do orçamento do clube para 2020/21. O segundo está relacionad­o com as eleições de outubro e a intenção anunciada de Bruno Costa Carvalho de avançar para eleições, com o problema de ter apenas 18 anos de associado consecutiv­amente e os estatutos atuais apontarem para 25 anos.

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