LUZ SEM DEBATES HÁ CINCO ELEIÇÕES
ELEIÇÕES Presidente do Benfica enfrenta algumas críticas pela ausência de discussão de ideias
Bernardo Silva levantou o assunto, mas a discussão pública é rara no futebol
Bernardo Silva questionou se seria o único benfiquista desiludido com ausência de debates e teve logo resposta de Noronha Lopes, que tem total abertura para expor ideias antes do ato eleitoral dos encarnados
O mote foi dado por Bernardo Silva no Twitter. Formado nas águias, o médioofensivo do Manchester City questionou se seria o único benfiquista desapontado pela ausência de debates (referiu na BTV) entre os candidatos perfilados à presidência do clube no ato eleitoral previsto para outubro. João Noronha Lopes, o último a oficializar a intenção de concorrer contra Luís Filipe Vieira apressou-se a referir na mesma rede social que mais benfiquistas concordavam com Bernardo Silva, pressionando Luís Filipe Vieira a ceder às pretensões dos rivais.
Da parte da candidatura de Noronha Lopes, cujos pilares assentam na credibilidade, transparência e ambição, há de facto abertura total para um debate de ideias, ao que apurámos. Rui Gomes da Silva também já assumira ao nosso jornal a vontade de abordar, cara a cara, qualquer assunto com o presidente encarnado, que na última entrevista dada, à BTV, em junho, mostrara-se pouco tentado a “duelos”, na altura com Gomes da Silva. “Lavar roupa suja? Que fique a falar sozinho. Não falo com ninguém. Para me julgarem, os benfiquistas têm 17 anos de trabalho e três com Manuel Vilarinho. O meu passado está aqui”, afirmou.
A propósito do período préeleitoral, O JOGO falou com Duarte Marques, benfiquista e deputado do PSD, que defende a realização de debates. “A eleição do presidente do Benfica deve ser das maiores que há em Portugal, além das Legislativas, Presidenciais e Autárquicas. O universo eleitoral deve ser o maior de todos e um faz sentido, é fundamental e indiscutível. Não concebo uma disputa eleitoral sem o mínimo debate entre candidatos”, afirma.
Olhando para o passado, Luís Filipe Vieira participou em cinco atos eleitorais e não teve opositores em 2006 e 2016, mas mesmo quando houve adversários faltaram debates televisivos. Foi assim em 2003, com Jaime Antunes e Guerra Madaleno, e em 2009, com Bruno Costa Carvalho, que manifestou intenção de concorrer ao próximo sufrágio – os estatutos inviabilizam a candidatura, pois só permitem que avancem sócios com mínimo de 25 anos de filiação, embora o empresário confie que irá a votos. Em 2012, Rui Rangel, hoje arguido com Vieira eoviceFern ando Tavares na operação Lex, desafiou o presidente a esclarecer os associados, pedido que não foi aceite. No entender de Duarte Marques, face aos processos judiciais em que se viu envolvido, o presidente do Benfica pode estar mais pressionado, no sentido de esclarecer todas as questões. “Qualquer pessoa envolvida em processos, sente-se mais pressionado, porque estar envolvido nunca é bom para ninguém e as pessoas gostam de esclarecer e sobretudo, que esses processos acabem rapidamente e haja decisões. É uma questão que afeta a pessoa, sem esquecer que até à decisão final toda a gente tem direito à presunção de inocência”, refere o deputado, lembrando que mesmo nos atos em que não existiu oposição é bom expor aos sócios as linhas programáticas equacionadas. “Quando se concorre sozinho há quase um passeio triunfal e havia pouca contestação. Sempre que há contestação, o melhor é discutir. Não tenho duvidas que o presidente do Benfica é um democrata e terá todo o intedebate
resse em fazer debates e discutir, porque são muitos anos de liderança e conquistas, mas também com coisas más”, diz Duarte Marques.
Sem passeio triunfal e “candidatos a brincar”
O último debate televisivo e acalorado no seio das águias aconteceu em 2000 entre Manuel Vilarinho e João Vale e Azevedo, cenário que pode repetir-se duas décadas depois, de houver abertura de Vieira e inversão do discurso que já teve sobre este tema. “É sempre bom para acabar com alguns mitos e ideias pré-feitas. Para dizer o que fará a seguir. Luís Filipe Vieira já fez muito pelo Benfica e a questão é se tem espaço e tempo para fazer ainda mais. Outra diferença é que até agora tínhamos visto candidatos um bocadinho a brincar e agora de alguma forma, parece que há candidatos que se perfilam com vontade de fazer um grande resultado”, comenta o deputado social-democrata. As candidaturas já assumidas podem ser um alerta para Vieira. “O presidente saberá melhor que ninguém que desta vez não será um passeio triunfal e isso, se calhar, vai motivá-lo a ter uma campanha e desempenho ainda melhor”, diz, concordando com Bernardo Silva. “Um benfiquista e jogador como Bernardo Silva, à partida, tem sempre razão. E desta vez, também tem”, remata.