INESPERADO SURTO DE OUTROS CONTÁGIOS
GOVERNAÇÃO A pandemia ditou condicionantes fora do comum: o principal campeonato teve direito a retoma, mas a II Liga ainda vai dar que falar
Liga e Federação andaram às turras, mas a retoma foi aprovada pelo Governo. Tensão entre emblemas fez tremer Pedro Proença. Vacina? Novo modelo de governação
Os efeitos colaterais da p ande mi ano futebol profissional redundaram em doisimp actos-chave: a suspensão provisória do principal campeonato durante cerca de três meses( de 8 de março a 6 de junho) e a suspensãodefinitiva da II Liga, sem campeão e com subidas e descidas pela via administrativa.
Farense e Nacional, melhores pontuados no momento da paragem da II Liga, foram promovidos.Em sentido inverso, Cova da Piedade e Casa Pia, penúltimo e último, respetivamente, caíram para o Campeonato de Portugal (também suspenso), conforme decisão, a 5 de maio, da Direção da Liga. Três dias antes, a FPF indicara Arouca e Vizela para subir à Segunda.
Parece simples? Mas não foi! Até à aprovação destas decisões (43 votos a favor, 5 contra e 4 abstenções) em Assembleia Geral da Liga, a 8 de junho, muito se disse, se escreveu e se viu. Tanto que os impactos fizeram tremer Pedro Proença na liderança do organismo, porque, logo nos primeiros dias de paragem, resolveu andar mais depressa do que toda a gente e solicitou apoio ao Governo, o que incomodou a Federação Portuguesa de Futebol. A instituição presidida por Fernando Gomes encontrava-se a liderar os procedimentos e a relação com a sociedade civil, através de um grupo de trabalho que incluía a Liga. Mas Proença adiantou-se sucessivamente e acabou torpede ado por vários lados, sobretudo no episódio das cartas enviadas ao Governo e ao Presidente da República, durante abril, sugerindo jogos em sinal aberto a troco de 50 milhões de euros para ressarcir clubes e detentores dos direitos televisivos.
Em finais de abril, o Governo chamou Federação, FC Porto,
Benfica e Sporting para uma reunião dia 28. Só na véspera é que o presidente da Liga foi convocado para se apresentar com os homólogos Fernando Gomes, Pinto da Costa, Luís Filipe Vieira e Frederico Varandas. Do encontro resultou a decisão, anunciada pelo primeiro-ministro a 30 de abril, de prosseguira I Liga sem público, suspender definitivamente o escalão secundário e realizar afinal da Taça de Portugal( no próximo sábado), obrigando ainda ao adiamento da Supertaça, que espera por uma aberta no calendário 2020/21.
As 10 últimas jornadas avançaram, mas já havia recursos e impugnações em curso, no T AD e no Conselho de Justiça, nomeadamente de Casa Pia, Cova da Piedade, Feirense (II) e até do Marítimo (I), este por discordar da subida do Nacional, rival madeirense. Processos que ainda seguem o seu curso na Justiça.
A contestação diminuiu quando foram anunciados 180 mil euros para cada uma das sociedades desportivas da prova secundária - desde que não contestassem a diretiva de 5 de maio -, provenientes de fundos da Liga (1,5 M €) e da FPF (1 M €), para ressarcir a não realização dos jogos que faltavam. Praticamente o mesmo que receberiam dos direitos de TV e sem as despesas inerentes à organização de mais cinco partidas em casa. Financeiramente, entraram nas contas o facto de muitos emblemas terem os seus funcionários em layoff.
Maior solidariedade e bom senso poderiam, também, ter evitado outra crise com impacto mediático, como a da norma das cinco substituições, aprovada por IFAB e FIFA a 8 de maio. A Direção da Liga, atendendo aos prazos da retoma, ainda aprovou a medida, mas porque haveria sempre o risco de uma chico-espertice impugnativa mais adiante, só depois de realizadauma jornada e após aprovação em AGé que a mesma foi implementada.
Em discordância aberta com Proença, Benfica (22 de maio) e
Cova da Piedade (25) saíram da Direção da Liga. Mas o que parecia outra coisa nos títulos dos Media acabou com mais um voto de confiança ao presidente da Liga, na reunião magna de 8 de junho, embora com prazo de validade: terá que apresentar uma proposta de revisão de estatutos que possibilitem a implementação de um novo modelo de governação, o que deverá acontecer nas primeiras duas semanas de agosto. Ainda antes da AG, a operadora NOS, principalpatrocinadordaILiga,anunciou que deixaria de o ser no final da próxima temporada. Mas só anunciou. Na Liga esperam pela notificação oficial.