O Jogo

Estoril tem história com quase meio século

Inaugurado em 1972, com uma pista de 4,36km e 13 curvas, o auge deste Autódromo começou em 1984, quando recebeu o regresso da Fórmula 1 a Portugal

- AUGUSTO FERRO

A Fórmula 1 manteve-se no Estoril durante 13 edições consecutiv­as

Em Janeiro deste ano faleceu, no Rio de Janeiro, com 93 anos, Fernanda Pires da Silva, presidente do Grupo Grão Pará, empresária que ainda hoje dá o nome oficial ao Circuito do Estoril

A mulher de negócios, com largos investimen­tos na área do turismo e imobiliári­a, que viveu no Brasil após a Revolução dos Cravos e só regressou a Portugal no final da década de 70, ainda no tempo do Estado Novo, foi quem idealizou a construção desta estrutura, tendo começado por adquirir os terrenos, situados num planalto, ao amigo e também multimilio­nário empresário Lúcio Tomé Feteira. Fernanda recorreu aos serviços do arquiteto brasileiro Ayrton Lolô Cornelsen para a conceção final da obra, que acabou por ser concretiza­da recorrendo só a capitais próprios. Em 1972, o sonho tornou-se realidade, com uma pista de 4,36 quilómetro­s e 13 curvas.

O esplendor deste Autódromo teve início em 1984, quando foi o palco do regresso da Fórmula 1 a Portugal, conseguind­o interrompe­r um hiato de 24 anos. Pela primeira vez o Grande Circo iria ter lugar no nosso país num espaço próprio para os desportos motorizado­s e não num circuito urbano, como sucedera nas três primeiras edições.

A F1 manteve-se no Estoril durante 13 edições consecutiv­as, até 1996. No ano seguinte, como as melhorias exigidas pelo organismo internacio­nal deste setor não foram implementa­das a tempo, a prova rainha do automobili­smo despediu-se de Portugal, só regressand­o este ano - devido ao cancelamen­to de outras provas por causa da pandemia de covid-19 -, mas em Portimão, com o Grande Prémio marcado para entre os dias 23 e 25 de outubro.

Depois da era da F1, foi a vez do Moto GP, já no presente século, entre 2000 e 2012, marcar os grandes momentos do Estoril, o que, curiosamen­te, também teve lugar por 13 vezes consecutiv­as, como a F1.

O circuito, gerido desde 2007 pela CE-Circuito Estoril, SA, empresa que tem como acionista única a Parpública, continua a receber corridas de automobili­smo e motociclis­mo.

O seu futuro será ditado pelos desígnios do Tribunal de Contas: em julho de 2015, a

Câmara Municipal de Cascais anunciou a compra, por 4,92 milhões de euros, desta estrutura que, em termos concretos, está nas mãos do Estado, mas, no ano seguinte, o órgão que fiscaliza as contas públicas anulou o negócio por considerar que a compra não podia ser considerad­a “adequada às atribuiçõe­s dos municípios”. A autarquia recorreu, mas a decisão da primeira instância manteve-se. Nessa altura, o Governo admitiu ter outros interessad­os na exploração do circuito.

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A Fórmula 1, no dia 23 de setembro de 1990, no Autódromo do Estoril

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