Carlos Carvalhal só pode entusiasmar o adepto braguista
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Raramente se pensa nos clubes como “formadores de treinadores”. A formação é sempre referida aos jogadores, o que faz sentido. Mas o SC Braga, ao ter “vendido” nesta época, após uma OPA hostil de um clube insolvente, um treinador da sua “formação” por 10 milhões de euros, veio afirmar-se, definitivamente, como um clube “formador” de treinadores. Nos últimos anos, têm sido vários os treinadores que tiveram no SC Braga a rampa que os projetou para outros patamares: Jorge Jesus, Sérgio Conceição, Paulo Fonseca, Abel Ferreira e Leonardo Jardim.
Este fenómeno tem conhecido recentemente um outro desenvolvimento, com ex-jogadores do clube a terem também enorme sucesso na carreira de treinadores. Na história do clube, já passaram pelo banco vários ex-jogadores (nos últimos 40 anos, Quinito, Fernando Palmeira, Passos, Garcia, Vítor Oliveira, Carvalhal, Toni, Abel, Rúben Amorim, Custódio e Artur Jorge). Tirando uma ou outra exceção (e claro Custódio e Artur Jorge que orientaram só meia dúzia de jogos cada um), todos eles tiveram/têm carreiras longas e bem sucedidas como técnicos no futebol. Na próxima época, estarão nos bancos da Liga pelo menos quatro ex-jogadores do clube. João Pedro Sousa (Famalicão) mostrou muita competência, pelo que, na próxima época, o desafio é confirmar a boa prestação num clube com um projeto desportivo bem estruturado. Quanto a Tiago (V. Guimarães) e Rúben Amorim (Sporting), esperamos que venham a ter muito sucesso, não no imediato, mas na sua carreira. Finalmente, cabe referir
Carvalhal. É um nome que só pode entusiasmar o adepto braguista. Além de ser um técnico de enorme competência, com um discurso assertivo e de uma honestidade intelectual acima da média, sabe pôr as equipas a jogar bom futebol. A apresentação mostrou que o clube está preparado para dar tempo para que as ideias de Carvalhal possam emergir naturalmente, sem pressões excessivas. Internamente, os objetivos desportivos só podem ser exigentes e desafiantes, mas não os tornar públicos fez todo o sentido.
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A época 2019/20 ficou marcada pela conquista da 2.ª Taça da Liga. Na realidade, numa análise histórica, esta é a 3.ª vez que o SC Braga venceu uma prova desta natureza. Em 1976/77, a FPF instituiu a Taça FPF, prova que não teve depois continuidade. O formato da prova era em tudo semelhante ao da Taça da Liga: fase de grupos com quatro grupos, apurando-se os seus vencedores para as meias-finais. Por decisão do congresso da FPF, a prova teve estatuto oficial. Foi ainda determinado que todos os 16 clubes que à época militavam na I divisão tinham obrigatoriamente que participar na Taça FPF. E os clubes, pelo regulamento, tinham de alinhar com um mínimo de oito jogadores que tivessem atuado em seis (ou mais) jogos do campeonato. Face a estes dados todos, nomeadamente o nome da competição, seria relevante que a FPF incluísse esta conquista nos seus registos oficiais. Apela-se pois a Fernando Gomes que analise este tema e que credite este troféu que o SC Braga tão brilhantemente conquistou. Se houver dúvidas, pode recorrer ao atual selecionador nacional que, juntamente com o saudoso José Torres, participou na final da prova, em representação do Estoril Praia.