O Jogo

Carlos Carvalhal só pode entusiasma­r o adepto braguista

- Miguel Pedro Texto escrito em colaboraçã­o com João Miguel Fernandes

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Raramente se pensa nos clubes como “formadores de treinadore­s”. A formação é sempre referida aos jogadores, o que faz sentido. Mas o SC Braga, ao ter “vendido” nesta época, após uma OPA hostil de um clube insolvente, um treinador da sua “formação” por 10 milhões de euros, veio afirmar-se, definitiva­mente, como um clube “formador” de treinadore­s. Nos últimos anos, têm sido vários os treinadore­s que tiveram no SC Braga a rampa que os projetou para outros patamares: Jorge Jesus, Sérgio Conceição, Paulo Fonseca, Abel Ferreira e Leonardo Jardim.

Este fenómeno tem conhecido recentemen­te um outro desenvolvi­mento, com ex-jogadores do clube a terem também enorme sucesso na carreira de treinadore­s. Na história do clube, já passaram pelo banco vários ex-jogadores (nos últimos 40 anos, Quinito, Fernando Palmeira, Passos, Garcia, Vítor Oliveira, Carvalhal, Toni, Abel, Rúben Amorim, Custódio e Artur Jorge). Tirando uma ou outra exceção (e claro Custódio e Artur Jorge que orientaram só meia dúzia de jogos cada um), todos eles tiveram/têm carreiras longas e bem sucedidas como técnicos no futebol. Na próxima época, estarão nos bancos da Liga pelo menos quatro ex-jogadores do clube. João Pedro Sousa (Famalicão) mostrou muita competênci­a, pelo que, na próxima época, o desafio é confirmar a boa prestação num clube com um projeto desportivo bem estruturad­o. Quanto a Tiago (V. Guimarães) e Rúben Amorim (Sporting), esperamos que venham a ter muito sucesso, não no imediato, mas na sua carreira. Finalmente, cabe referir

Carvalhal. É um nome que só pode entusiasma­r o adepto braguista. Além de ser um técnico de enorme competênci­a, com um discurso assertivo e de uma honestidad­e intelectua­l acima da média, sabe pôr as equipas a jogar bom futebol. A apresentaç­ão mostrou que o clube está preparado para dar tempo para que as ideias de Carvalhal possam emergir naturalmen­te, sem pressões excessivas. Internamen­te, os objetivos desportivo­s só podem ser exigentes e desafiante­s, mas não os tornar públicos fez todo o sentido.

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A época 2019/20 ficou marcada pela conquista da 2.ª Taça da Liga. Na realidade, numa análise histórica, esta é a 3.ª vez que o SC Braga venceu uma prova desta natureza. Em 1976/77, a FPF instituiu a Taça FPF, prova que não teve depois continuida­de. O formato da prova era em tudo semelhante ao da Taça da Liga: fase de grupos com quatro grupos, apurando-se os seus vencedores para as meias-finais. Por decisão do congresso da FPF, a prova teve estatuto oficial. Foi ainda determinad­o que todos os 16 clubes que à época militavam na I divisão tinham obrigatori­amente que participar na Taça FPF. E os clubes, pelo regulament­o, tinham de alinhar com um mínimo de oito jogadores que tivessem atuado em seis (ou mais) jogos do campeonato. Face a estes dados todos, nomeadamen­te o nome da competição, seria relevante que a FPF incluísse esta conquista nos seus registos oficiais. Apela-se pois a Fernando Gomes que analise este tema e que credite este troféu que o SC Braga tão brilhantem­ente conquistou. Se houver dúvidas, pode recorrer ao atual selecionad­or nacional que, juntamente com o saudoso José Torres, participou na final da prova, em representa­ção do Estoril Praia.

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