Mais um show de João Almeida
Foi 2.º na etapa e aumentou a vantagem na liderança antes de dois dias decisivos
A Deceuninck-Quick Step deixou ficar Peter Sagan pelo caminho e só Diego Ulissi impediu a festa total de Almeida. O segundo lugar valeu seis segundos de bonificação, e com um gasto de energias mínimo
“Estou realmente desapontado. Durante 12 etapas, a minha equipa foi incrível e queria oferecer-lhes a vitória. Mas isto é ciclismo e demos o nosso melhor. Foi por pouco”, disse João Almeida na conferência de Imprensa da Volta a Itália em Monselice, onde ficou a meia roda do triunfo, conquistado pelo italiano Diego Ulissi, que bisou nesta edição e festejou pela oitava vez uma etapa no Giro. O português de 22 anos, que hoje vai entrar no contrarrelógio de Valdobbiadene envergando a camisola rosa pelo 11.º dia consecutivo, está a um de igualar o feito de Giuseppe Saronni, que em 1979 venceu o Giro tendo a mesma idade.
Se a prudência aconselhava a reservar forças, a verdade é que, ontem, a DeceuninckQuick Step fez uma operação quase perfeita. Almeida atingiu os 1090 watts durante o sprint, mas fez uma etapa a uma média ponderada de 209 – poupou mais do que os rivais Kelderman e Bilbao! – e ainda viu a sua equipa eliminar os sprinters. A Bora, de Peter Sagan, deixou Arnaud Démare para trás na primeira de duas subidas de quarta categoria, mas no Muro di Calaone foi a aceleração da equipa de Almeida, conjugada com o ataque de Rúben Guerreiro para vencer a montanha, a deixar o eslovaco descolado.
“O grupo estava muito pequeno na descida e, como tinha três colegas comigo, planeámos a vitória na etapa. Eles foram com toda a força, mas houve outro mais rápido”, contou João Almeida, que ainda recebeu seis segundos de bonificação pelo segundo lugar – “Foi um bónus”, disse – e aumentou para 40 a vantagem sobre Wilco Kelderman, provavelmenteamaior ameaça no crono de hoje, com 34,1 quilómetros e uma contagem de montanha logo ao sétimo. “Nunca fiz um tão longo, será novo para mim. Se estiver num dia bom, poderei manter a camisola e talvez aumentar a vantagem; num dia mau, irei perder tempo.”
A incógnita, por sinal, estende-se ao próprio Giro. “Já vou para o 11.º dia com a camisola, vai ser interessante fazer o crono com ela. Ao fim de tantos dias, talvez eles comecem a achar que a posso levar até ao fim”, disparou Almeida, moralizado como nunca. Entre os rivais, já se admite que o português, segundo no contrarrelógio do primeiro dia, será difícil de superar hoje, mas aponta-se a domingo. “Posso perder para especialistas, mas no dia seguinte, a subir para Piancavallo, eles sentirão esse esforço nas pernas”, avisou Nibali.