O Jogo

Demasiadam­ente desconfiad­os

- Luís Freitas Lobo

Nenhum treinador arriscava mudar desde o banco, mudando a estrutura da equipa. Apostaram antes que as individual­idades, a partir das suas posições, o conseguiss­em fazer por elas próprias”

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OUSADIA E ESTATUTO

No início, foi o que se chama “não ter medo de ser feliz”. Na dinâmica ofensiva, no bloco subido e na ousadia de rematar sem deixar cair a bola. Neste desdobrame­nto colectivo atacante do seu 3x4x3 e na expressão individual de Nuno Santos, o Sporting entrou melhor (e a ganhar). Uma realidade sentida pelo onze portista e expressa quando, pouco depois, se ouviu o grito do capitão Pepe: “Vamos ter calma!”. E tiveram. Uma calma sentida numa segurança de jogo em 4x3x3 que começou a estabiliza­r no jogar pausado de Sérgio Oliveira, o novo pivot n.º 6 (no pós-Danilo), agora com saída de construção, libertando Uribe para formar, com Octávio, a dupla invasora do “corredor interior”. Aos poucos, foram comendo metros do campo em posse, controland­o espaços cada vez mais adiantados, fazendo recuar o bloco leonino. A dinâmica ofensiva do Sporting passara a sair mais em contra-ataque. Encontrou algumas “rectas de saída”, mas, arriscando sempre nesse momento perder a organizaçã­o defensiva mais fixa quando... perdia a bola na frente (e fica desposicio­nado atrás). Sofreria, assim, o 1-2 (o virar do resultado) junto ao intervalo. Um lance com cortesia poética final de Corona.

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A BOLA OU A PRESSÃO

Mateus Nunes subiu para n.º 8. Não foi fácil para o jogador. Numa paragem, com Amorim, fez o gesto de ficar a “2” (de perfil com Palhinha, duplo-pivot), mas a ideia era ele subir. Falta-lhe, porém, velocidade para surgir desde trás em desequilíb­rios. Nenhum treinador arriscava mudar desde o banco mudando a estrutura da equipa. Apostaram antes que as individual­idades, a partir das suas posições, o conseguiss­em fazer por elas próprias. Com Baró, Conceição tentou resgatar a agressivid­ade de posse mas só a conseguiu em recuperaçã­o-gestão. Isto é, não aumentou objectivid­ade ofensiva de avanço com a bola. Com João Mário, Amorim já tentou algo diferente mas o jogador (a interior-direito) ainda não está tacticamen­te dentro da equipa. Foi tirando um central e com Vietto (o melhor avançado do Sporting) unido à visão de Pote Gonçalves, o novo ordenador-catalisado­r do jogo leonino, que reacendeu o onze. Entre “atacar o resultado” ou “saber geri-lo”, o empate acaba por juntar os diferentes momentos pelos quais o jogo passou. Para a duas equipas.

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