O Jogo

Um lugar no Olimpo do futebol exige constante superação

- Miguel Pedro

O jogo com o Nacional marcou o início de um período de grande exigência para o plantel de Carlos Carvalhal. Uma espécie de trabalho hercúleo

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Nas narrativas da mitologia grega, a ideia de superação está sempre presente: um herói, geralmente humano ou semideus (filho de um deus e um humano), tem sempre no seu caminho um conjunto de dificuldad­es, de trabalhos ou missões, que deverá necessaria­mente superar por forma a alcançar o seu lugar no Olimpo, junto dos deuses imortais. Os conhecidos doze trabalhos de Héracles (que ficou conhecido pelo termo romanizado de Hércules) são um exemplo, talvez o mais conhecido, desta mundivisão que subjaz à literatura trágica da antiga Grécia. O jogo de ontem, frente ao Nacional, marcou o início de um período de grande exigência para o plantel de Carlos Carvalhal, uma espécie de trabalho hercúleo: sete difíceis jogos em 21 dias, entre os quais confrontos com rivais diretos (Benfica, Vitória Guimarães e Famalicão), visitas a locais distantes (Zorya, na Ucrânia) e embates com gigantes europeus (Leicester). Será um período no qual Carvalhal e os seus jogadores serão postos à prova; e julgados, no final. Sabemos bem, claro, que se trata do primeiro de muitos momentos de intensidad­e competitiv­a, e que a qual – esperamos nós, bracarense­s – se mantenha por muito tempo, pois será sinal de que estaremos em várias frentes. Mas é muito importante ultrapassa­r, tal como os heróis da antiga Grécia, este primeiro conjunto de missões, pois garantir um lugar no Olimpo do futebol exige uma atitude de constante superação. E ontem, no jogo contra o Nacional, o plantel mostrou que pode, tal como Héracles, ultrapassa­r este primeiro trabalho, que durará 21 dias. A equipa foi, acima de tudo, muito competitiv­a e quase sempre competente. Digo “quase sempre” porque – e Carvalhal enfatizou isso na flash interview – o aspeto da finalizaçã­o ainda não está em ponto de rebuçado. Mas a atitude de procura constante da bola e a pressão que o Braga faz sobre o adversário acabaram por ser asfixiante­s. E feitas de forma muito coordenada, o que resultou, quase sempre, numa rápida recuperaçã­o da bola. O princípio de jogo é conhecido: se o adversário não tiver a bola, não poderá jogar. Este aspeto do jogo foi determinan­te na vitória de ontem frente ao

Nacional, que, recorde-se, ainda não tinha sido derrotado nesta Liga. Outro aspeto foi, segundo penso, a capacidade de manter o jogo em toda a largura do campo, com um Galeno muito colado à linha e sempre irrequieto, uma espécie de míssil apontado à baliza adversária. Um jogo que abre o apetite para o que aí vem. É que já na próxima quinta-feira será o regresso dos adeptos bracarense­s à bancada daquela que é a sua casa do futebol. Um jogo com público nas bancadas: pelo menos esta vitória já está assegurada.

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