O Jogo

30 POR CENTO JÁ SERIA... BAIXO

PÚBLICO Médias das duas últimas épocas mostram que quase todos os recintos ultrapassa­m um terço da ocupação

- TOMAZ ANDRADE

LIGA ESTÁ APREENSIVA EM RELAÇÃO À DECISÃO QUE GOVERNO E DGS VÃO TOMAR SOBRE O REGRESSO PARCIAL DOS ADEPTOS

Em 2018/19, só Boavista e Belenenses tiveram uma média de ocupação abaixo de 30 por cento. Em 19/20, sucedeu o mesmo a Belenenses e Rio Ave

Amanhã há reunião crucial entre Governo, DGS e Liga sobre o regresso do público aos estádios. Testes-piloto correram bem, mas a evolução para o estado de calamidade pode manter os estádios vazios

O plano da Liga para a reintroduç­ão de adeptos nos estádios das competiçõe­s profission­ais aponta, caso a medida seja aprovada, para uma ocupação de 30 por cento dos recintos, um número que leva em conta o cumpriment­o de normas de distância e que deixará água na boca a muitos clubes da divisão principal. Olhando para as médias das assistênci­as das duas últimas temporadas no campeonato, só um par de clubes ficou abaixo dessa percentage­m de ocupação. As três equipas grandes, e também aquelas que têm uma forte militância de adeptos, como o Vitória de Guimarães, são, naturalmen­te, as que ficarão mais limitadas em termos de expectativ­as de público, porque ficarão sem a possibilid­ade de encher os respetivos recintos, como de costume. No entanto, e levando em conta a situação pandémica que se vive no país e todas as dificuldad­es que ela criou aos emblemas, ter um terço do estádio preenchido já será um cenário bem mais agradável do que o atual, com as bancadas totalmente despidas. Resta saber se a medida irá para a frente, tanto mais que o país entrou desde quinta-feira em situação de calamidade, um nível de alerta mais elevado do que o anterior. Amanhã há uma reunião decisiva com Governo e DGS e, sabe O JOGO, a Liga está apreensiva em relação ao assunto, sendo pouco provável que seja autorizado já o regresso dos adeptos aos recintos. Aliás, anteontem, Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, admitiu a redução de público nos Grandes Prémios de Portugal em Fórmula 1 e de MotoGP, algo que O JOGO confirmou na edição de ontem (assistênci­a inferior a 30%).

Na II Liga, a afluência de espectador­es é menor e a maioria dos clubes não chega a ter, nos jogos em casa, 30 por cento do estádio preenchido. Só quatro emblemas ficaram acima dessa marca de referência na última temporada, que, como se sabe, foi dada como concluída em março.

Para se ter uma ideia concreta do que está em causa na I Liga, é melhor olhar para os números da época 2018/19, umacompeti­çãocomplet­a,ao contrário da última, interrompi­da com a pandemia e retomadase­m a presença de espectador­es. Apenas o Boavista, com 29,8 por cento da ocupação do recinto, e o Belenenses, com 9,6 por cento, ficaram abaixo de um terço da capacidade dos respetivos estádios. A maioria ultrapasso­u os 30 por cento da capacidade de afluência. Mesmo equipas com assistênci­as tradiciona­lmente escassas, como o Moreirense, por exemplo, conseguira­m números melhores do que os de Boavista e Belenenses.

Ainda tendo em conta 2018/19, Benfica e FC Porto, por esta ordem, seriam os menos beneficiad­os caso se limitasse a assistênci­a a 30 por cento. Tanto um como outro terminaram essa época com uma média de assistênci­as superior a 80 por cento. Ou seja, numa situação prática, o Estádio da Luz poderá ficar com uma lotação máxima a rondar as 20 mil cadeiras e o Estádio do Dragão com cerca de 16 mil adeptos nas bancadas. Descidas vertiginos­as nos dois casos, em comparação com as médias habituais.

Caso a medida de fazer regressar parcialmen­te o público aos estádios vá para a frente, outro problema se colocará aos clubes com adesões mais elevadas de espectador­es, que será o método de escolha dos adeptos. Antiguidad­e, privilégio aos detentores de lugares anuais, sorteio ou divisão dos respetivos adeptos pelos jogos consoante o número de sócio podem ser as soluções, sendo que a procura será sempre mais elevada do que a disponibil­idade de cadeiras.

Também na última temporada, só duas equipas voltaram a ficar abaixo da meta dos 30 por cento da capacidade do recinto. Foram elas o Belenenses, um repetente – o litígio entre o clube e a SAD e a deslocação dos jogos da equipa profission­al para o Jamor e a Cidade do Futebol ajudam a explicar a situação –, e o Rio Ave; os azuis do Restelo tive

ram uma média de ocupação de dez por cento e os vila-condenses de 29 por cento.

O plano da Liga para a devolução de adeptos aos estádios assentou num conjunto de testes-piloto que começou pelo jogo entre o Santa Clara e o Gil Vicente, que teve uma assistênci­a de mil espectador­es. Medição de temperatur­a à entrada, uso obrigatóri­o de máscara, permanênci­a no respetivo lugar, distanciam­ento de segurança obrigatóri­o e saída por sectores foram medidas adotadas. Os jogos da Seleção Nacional com Espanha (2500 espectador­es) e Suécia (5000), mais o Académico Viseu-Académica e o FeirenseCh­aves, da II Liga, funcionara­m também como testes.

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