O Jogo

CR7 e a inutilidad­e da Liga das Nações

- POR CLÁUDIA GARCIA

N um momento em que a Europa enfrenta a segunda vaga da pandemia, que está a demonstrar poder fazer até mais estragos do que a primeira, tendo em conta que ainda nem sequer entrámos no inverno, parece-me totalmente desproposi­tado o calendário de competiçõe­s de futebol ser exatamente igual ao de uma época normal. Isto é, com jogos de campeonato, jogos europeus a meio da semana entre outubro e dezembro e três paragens para seleções entre setembro e dezembro, com viagens internacio­nais à mistura. Em tempos como este, temos de pensar em salvar o salvável e não em misturar tudo e dizer que basta uma bolha e dezenas de testes. Que ignorância. Quando Fernando Santos diz que não sabe como é que os jogadores se infetaram, fico sem palavras.

É totalmente desproposi­tado o calendário de competiçõe­s de futebol ser igual ao de uma época normal

Ficar numa bolha ou em isolamento ou como quiserem chamar serve só para proteger a Seleção e os seus funcionári­os durante o tempo do estágio, mas para termos risco zero, é extremamen­te necessário os jogadores fazerem quarentena de pelo menos dez dias antes de se reunirem. Só assim poderiam ter a certeza de que ninguém se infetaria durante o estágio. Os testes até podem ser feitos todos os dias, dez vezes por dia, mas não eliminam o risco. A quarentena é essencial para combater esta pandemia, não bastam os testes. Isso é uma das poucas coisas que já aprendemos, mas parece que, em Portugal, esse tema ainda não está bem esclarecid­o e vejo pessoas a realizarem dezenas de testes e a gastarem dinheiro inutilment­e. A prioridade é salvar os campeonato­s nacionais, porque são os clubes o principal sustento dos jogadores e de centenas de profission­ais que deles fazem parte. Em segundo lugar, tentar salvar as competiçõe­s europeias entre clubes e, em terceiro lugar, tentar salvar o Euro’2021. A Liga das Nações é a quarta prioridade. O caso Ronaldo só traz a questão para o centro do debate: terem desenhado um calendário idêntico aos dos outros anos é inaceitáve­l. Ideias existem e são todas viáveis: realizar os torneios por blocos e em poucos países: primeiro campeonato, depois Champions e depois Euro. Ponham-nas em prática e não percam mais tempo.

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