O Jogo

“A azáfama é gigante”

Paulo Pinheiro, entre o orgulho do “seu” Autódromo receber o Grande Prémio de Portugal e as preocupaçõ­es inerentes à pandemia, diz que este é o pico de maior trabalho

- HÉLIO NASCIMENTO

O administra­dor do circuito diz que tem dormido pouco, e, prometendo cuidados redobrados, apela às pessoas para que respeitem todas as regras. O sucesso da corrida também depende disso

Os minutos estão todos contados, mas Paulo Pinheiro lá arranjou alguns para falar a O JOGO. Uma conversa centrada nas mais recentes preocupaçõ­es, face ao número crescente de casos da covid-19. A par da montagem do “circo” – os camiões continuam a encher o paddock – a prevenção está na ordem do dia.

Muito trabalho? Tem tido tempo para dormir?

— Sim, bastante trabalho, mas é normal que seja assim. Tenho dormido pouco [risos], agora é tempo para trabalhar. Dorme-se depois.

Está quase tudo pronto?

—Tem sido uma azáfama gigante! Estaéumafa sede enormepico de trabalho num Grande Prémio de Fórmula 1 e vai ser assim até ao final do dia de quinta-feira.Éa faseem que tudo tem de ser feito e ficar pronto, desde as montagens, as pinturas, a proteção, os contentore­s, os geradores e até as cozinhas. Isto é um mundo! Temos a equipa do Autódromo, os nossos empreiteir­os, e depois, à parte, toda a estrutura da Fórmula 1 que também trabalha sem descanso.

O trabalho é gigantesco, como disse, mas, depois, lemos e ouvimos imensos elogios ao Autódromo. O que sente?

—Um orgulho tremendo. Acabei de falar com responsáve­is da FIA e testemunhe­i, mais uma vez, o apreço que têm pelo traçado, pelas infraestru­turas e pelo cuidado que colocamos em campo, bem como pelo apoio da cidade. É um circuito de que todos gostam e isso deixa-nos deveras orgulhosos.

Para lá da competição, porém, as preocupaçõ­es são muitas, face ao número crescente de casos de covid-19. Qual o seu estado de espírito?

—Toda a gente anda preocupada. É fundamenta­l que as pessoas se saibam comportar e que tenham respeito pelas diretrizes e normas. Façam o que tenham a fazer, mas sempre em segurança, sem colocar em causa o esforço e o trabalho dos outros, que andam há largo tempo a estudar os melhores procedimen­tos, e, claro, privilegia­ndo sempre a saúde. Todos desejamos que a corrida seja um orgulho e há muito a respeitar. Não podemos correr riscos e a saúde, repito, é a nossa maior preocupaçã­o.

Este é um problema acrescido e que, infelizmen­te, pode não ficar por aqui…

—Tem havido, igualmente, muito trabalho nesse sentido, na prevenção, e, embora mais afastado do nosso raio de ação, claro que obriga a outro esforço e gere mais preocupaçõ­es. O que vamos ouvindo, é que os novos casos estão mais relacionad­os com as reuniões familiares, os lares e nos encontros de amigos e menos nos eventos públicos. Daí aproveitar todas as oportunida­des para sensibiliz­ar as pessoas, apesar do forte contingent­e policial que vai estar no Autódromo. Mas não podemos destinar um agente da autoridade para cada pessoa.

Quantas pessoas vão estar envolvidas nas questões de segurança?

—Entre corpo policial, efetivos da GNR e elementos de segurança propriamen­te ditos, serão mais de mil. Mas o sucesso da prova vai depender muito das próprias pessoas.

O número final de público continua a ser uma incógnita?

—Tínhamos um valor estimado em 40 mil pessoas, mas não vamos chegar lá. Não há hipóteses de um enquadrame­nto destes. Face ao cenário atual, colocamos a fasquia abaixo dos 30 por cento da lotação do Autódromo [95 mil espectador­es]. Tudo isto vai obrigar a uma maior rigidez nos procedimen­tos, nos acessos, nos torniquete­s. Os cuidados serão redobrados e apelo, de novo, às pessoas, para que respeitem todas as indicações e cumpram as normas.

“Falei com responsáve­is da FIA e testemunhe­i o apreço que têm pelo traçado e infraestru­turas”

“Todos desejamos que a corrida seja um orgulho e há muito a respeitar. Não podemos correr riscos”

“Tínhamos um valor estimado de 40 mil pessoas, mas não vamos lá chegar. Não há hipóteses”

Paulo Pinheiro CEO Autódromo Internacio­nal do Algarve

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