João Almeida cede ao 15.º dia
Etapa rainha do Giro custou camisola rosa. Rúben Guerreiro vence montanha
Wilco Kelderman cumpriu o prometido e na montanha mais alta da Volta a Itália destronou o português, embora sem o àvontade que pretendia. Tao Geoghegan Hart ainda pode mudar a corrida
Terminou ontem o sonho rosa dos portugueses, não o de João Almeida, que sempre foi muito realista quanto às suas possibilidades de vencer a Volta a Itália em ano de estreia numa corrida de três semanas. OjovemdaDeceuninck-Quick
Step cedeu a meio da escalada da maior das montanhas do Giro, o Stelvio, e essa quebra a 48 quilómetros do final da etapa saiu cara: desceu para quinto, cedendo a liderança a Wilco Kelderman, que por sinal a segurou por muito pouco face ao seu colega Jai Hindley e ao rival Tao Geoghegan Hart, novo líder da Ineos e ainda capaz de pregar uma rasteira aos Sunweb.PelloBilbao,comuma recuperaçãosurpreendentena última subida do dia, a Torri di Fraele, subiu a quarto.
Se João Almeida, a 2m16s da liderança,jánãoteráhipóteses de ganhar o Giro, e mesmo o pódio final será difícil, pode pelo menos igualar o melhor resultado de sempre de um português, a quinta posição de José Azevedo em 2001. E, cedendo a rosa ao 15.º dia, fica comoojovemqueliderouuma edição da corrida por mais tempo em toda a história, o português com mais camisolas de líder numa Grande Volta e ainda a promessa de Portugal ter de novo um corredor para discutir a geral de Grandes Voltas, depois de Joaquim Agostinho e Azevedo. Aos 22 anos, é uma fartura de façanhas!
Ontem, a etapa-rainha começou com boas notícias, pois Rúben Guerreiro entrou na fuga inicial, foi o primeiro no alto de Campo Carlo Magno, o segundo em Passo Castrin e logo aí assegurou de vez a liderança da montanha. Como Giovanni Visconti desistiu, o português da EF passou a somar 238 pontos, contra 122 de Thomas de Gendt, havendo um máximo de 98 para disputar. Agora, basta-lhe chegar a Milão.
Foi já no Stelvio que Guerreiro abdicou do seu esforço, sendo apanhado pelo pelotão principal, onde ainda puxou por Almeida, ao senti-lo já em quebra.
“Estava no limite e sabia que não podia aguentar aquele ritmo até ao topo do Stelvio. Acabei por imprimir o meu ritmo, para não perder demasiado tempo. Apesar de tudo acho que fiz uma etapa positiva. Os outros foram superfortes. Ainda não estou ao nível deles”, comentou um sincero João Almeida, que a 14 km do fimdoStelviotevedeficarcom o seu colega Fausto Masnada, tendo ainda alguma ajuda de Patrick Konrad e Rafal Majka, tambémdescolados.Nafrente, Rohan Dennis impunha uma passadaespantosaparaumcorredor pesado, levando na sua rodaGeogheganHarteHindley, pois Kelderman acabou por descolar antes do topo.
A última hipótese de Almeida, a de apanhar Vincenzo Nibali antes da montanha, não se chegou a concretizar – o italiano é o rei das descidas e atingiu os 94 km/h, contra os 91 do português – e a distância para a frente dilatou-se até final.
“Subir o Stelvio de rosa foi grandioso e também foi uma emoção ver os meus pais e mais portugueses a apoiar-me. Tenho pena de não manter a camisola, mas estou orgulhoso com tudo o que fiz”, completou o jovem.