O Jogo

Jovane: bofetada numa época horrível

Lesão, renovação adiada e futuro incerto explicam reação no clássico

- BRUNO FERNANDES

Não festejou os golos ante o FC Porto e quando ouviu o apito final, chorou no ombro dos colegas, que de pronto o abraçaram em sinal de consolo. Catarse do jovem, que quer mostrar a qualidade... sem pausas

Bastaram 17 minutos para que Jovane escrevesse uma das histórias mais bonitas na sua ainda curta carreira, esta no relvado do Estádio Dr. Magalhães Pessoa, em Leiria. Após saltar do banco (77’) e num duplo golpe, aos 85’ e 90’+4’, bateu o portista Diogo Costa por duas vezes para levar, contra as expectativ­as criadas após o golo de Marega, o leão até à final da Taça da Liga. Só que os finais felizes carregam, muitas vezes, momentos de sofrimento e conjuntura­s complicada­s, exemplo do que acontece com o avançado, de 22 anos, que não festejou nenhum dos remates vitoriosos, acabando inclusive a chorar depois do apito final, abraçado pelos colegas. O JOGO explica-lhe. As lágrimas do camisola 77, momento de libertação, fundamenta­m-se nas lesões que teimam em atrasar-lhe um arranque profission­al prometedor, mas também questões relacionad­as com a sua situação no Sporting, nem sempre bem esclarecid­a. Vamos por partes: começando nos problemas físicos, um estirament­o na coxa direita proibiu-o, logo a abrir, de participar em dois jogos (LASK Linz e Portimonen­se), voltando por isso a pairar o fantasma da época anterior, na qual perdeu 27 jogos precisamen­te por lesões, brilhando, apenas, já com Amorim ao comando. Desta vez, recuperou facilmente e de meio de outubro até final de novembro jogou com regularida­de, mas voltou a ceder, desta feita com um traumatism­o na anca direita que o atirou para fora dos relvados durante mais de um mês: só ficou disponível em 2021, voltou aos relvados a 8 de janeiro, contra o Nacional e a marcar, reforçando a candidatur­a a sinal mais com o bis diante dos azuis e brancos.

Se no que à condição física diz respeito a vida de Jovane tem sido uma montanha russa, fora de campo também dá muitas voltas: no defeso, esteve na órbita do mercado inglês, mas nem com a ajuda do super agente Jorge Mendes chegaram os 15 M€ pedidos pelo Sporting; tendo ficado, com o aval de Rúben Amorim e adaptado a “falso nove”, foram dados, então, os primeiros passos para uma renovação que deveria ter ficado concluída em dezembro, mas que a tal lesão na anca também obrigou a adiar. Frederico Varandas queria, inclusive, dar a Jovane uma cláusula recorde no atual plantel de 100 milhões de euros, mais dois anos de contrato (até 2025). Só que tudo voltou a mudar e a possibilid­ade de saída, perante uma boa proposta, regressou à mesa.

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