O Jogo

Fora da caixa Joel Neto

STRESS NATURAL ...mas nem por isso inócuo

-

Vamos por pontos:

1

Era o que faltava o Sporting não tremer. Uma equipa tão jovem, inexperien­te e barata (ou consciente do quão barata é) verse com dez pontos de vantagem no topo do campeonato, ademais em representa­ção de um clube que não vence há vinte anos – e que, entretanto, passou por todos os tormentos –, não podia olhar para os restantes dez jogos senão como um deserto.

2

O Sporting não se limita a tremer. Tremer era empatar com o Moreirense e vencer o Famalicão. Não só não venceu o Famalicão como, para se reclamar evidenteme­nte perto disso, teria de ter mostrado outras soluções. No domingo, foi uma equipa em pânico, sem novas ideias e demasiado dependente do sucesso das poucas que tinha. O treinador voltou a falhar nas sucessivas composiçõe­s do meio-campo e, com a pilha de nervos final, jogou uma cartada psicológic­a arriscada, de cujos efeitos só se poderá aquilatar nos próximos jogos.

3

Parece seguro dizer que Rúben Amorim adiou mais do que seria espectável, mas não evitou o stress entre os jogadores. O Sporting desta reta final é um pouco como o jogador chamado a marcar um penálti no desempate da final do Mundial: já lhe interessa menos ganhar do que evitar ser considerad­o responsáve­l por perder. Em suma, é agora uma equipa que joga não para conquistar, mas para se aliviar da fama de maior colapso de sempre. Esse sufoco não é bom conselheir­o.

4

É possível que a equipa saia mais unida destes dois empates, como com certeza sairá mais forte no fim da competição (ganhando, sim, mas talvez até perdendo). Isso dependerá de um trabalho psicológic­o de que a gritaria de domingo não parece um primeiro passo. Factos: a liga parecia ganha e agora não parece; Sérgio Conceição já declarou a determinaç­ão de colocar todas as fichas na prova; e o balneário do FC Porto goza hoje de um entusiasmo que já não esperaria.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal