O Jogo

UM DESAFIO COMO NUNCA SE VIU

Só uma equipa reverteu uma derrota por 0-2 na Champions, a jogar contra o PSG de... Tuchel

- Textos ANA LUÍSA MAGALHÃES

Em 2019, o atual treinador do Chelsea começou por ganhar fora 2-0, como agora, mas foi derrotado em casa por 3-1 e saiu da prova. Sevilha é um campo neutro, mas hoje dá jeito ao FC Porto ser o visitante

Nunca, na sua vasta história europeia, o FC Porto seguiu em frente numa eliminatór­ia depois de ter perdido por 2-0 em casa. Contudo, também é verdade que só chegou a esta posição difícil diante do Chelsea, nos quartos de final da Liga dos Campeões, depois de ter vencido a Juventus pela primeira vez. Essa memória ainda bem fresca não será, contudo, a única a poder servir de inspiração aos jogadores de Sérgio Conceição. Há outros exemplos de superação no currículo dos dragões e, além disso, circunstân­cias muito particular­es que fazem com que jogar como visitante na segunda mão, nesta situação, seja indiscutiv­elmente mais vantajoso – algo que soaria a estranho antes da pandemia, essencialm­ente pelo tremendo peso dos adeptos.

De facto, virar um 2-0 na casa do adversário, desde o formato Liga dos Campeões (1992), é tão raro que só aconteceu uma vez. E, curiosamen­te, Thomas Tuchel, treinador dos blues, estava do lado indesejáve­l da história. Em 2018/19, o PSG, orientado pelo alemão, foi a casa do Manchester United vencer por dois golos sem resposta, o que parecia deixar o apuramento para os quartos de final encaminhad­o. Contudo, aos 30 minutos da partida em França, o United já vencia por 2-1, com o bis de Lukaku, que levara 2 minutos a mostrar ao PSG que ainda teria de suar muito. O golpe de teatro deuse aos 90’+4’, com um penálti convertido por Marcus Rashford.

Tal como disse Marko Grujic, no rescaldo do jogo da semana passada, “aqui não há fator casa”, sem adeptos e em campo neutro nos dois jogos, mas a verdade é que um triunfo por 3-1, hoje, não valeria de nada ao FC Porto se esta fosse a sua vez de jogar como visitado no Ramón Sanchéz Pizjuán – teria mesmo de vencer por três golos de diferença para se apurar em 90 ou, no limite, 120 minutos. Assim, aos azuis e brancos “basta” segurar dois golos de vantagem, a partir do momento em que marquem três, para aproveitar o benefício de jogar como visitante no encontro decisivo, sem o ambiente hostil para atrapalhar. Um “trunfo” patrocinad­o pelas restrições que viraram o mundo do

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Ser visitante só joga a favor do FC Porto, que até poderá ter mais meia hora com o trunfo dos golos fora

EM 2010/11, PARA A TAÇA DE PORTUGAL, O FC PORTO FOI A CASA DO BENFICA FAZER A MESMA COISA DE QUE HOJE NECESSITA

avesso. Nem o fantasma de nunca ter vencido em solo britânico será chamado à discussão.

De resto, um dos jogos mais épicos do FC Porto neste século nasceu justamente de uma derrota por 2-0 no Dragão. Não foi numa eliminatór­ia europeia, mas era preciso ir a casa do Benfica reverter esse resultado para chegar à final da Taça de Portugal de 2011. Na segunda parte, a equipa de André Villas-Boas marcou três golos de rajada e o penálti de Cardozo de nada valeu aos encarnados.

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Enviada especial em Sevilha
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