O Jogo

“Orçamentos e estatístic­a não ganham jogos”

SÉRGIO CONCEIÇÃO Prudência Treinador confiante e indiferent­e ao valor dos dois plantéis, mas também aos números da primeira mão

- MANUEL CASACA

Estratégia do técnico portista passa pela capacidade de ser resiliente e acreditar que é possível ganhar. A aposta é marcar para reabrir a eliminatór­ia , mas não entrar com o resultado na cabeça

O valor financeiro do plantel do Chelsea e os milhões gastos pelo adversário em contrataçõ­es não assustam Sérgio Conceição. As estatístic­as também não. O treinador lembra até que, se olhasse para os números do jogo da primeira mão, o FC Porto teria goleado. E acabou por perder, por 2-0, mas nem essa desvantage­m retira a confiança na passagem às meias-finais.

A eliminatór­ia com a Juventus serve como exemplo de superação?

—Há muitos momentos na época e nos anos em que estamos aqui que podem ser exemplos de superação e de acreditar. Essa crença advém do trabalho que é feito aqui e da capacidade que os jogadores têm de interpreta­r aquilo que queremos para o jogo. Estamos confiantes. Sabemos que vamos ter pela frente um obstáculo difícil, mas estamos aqui para dar a resposta que temos que dar. Nos 44 jogos que fizemos esta temporada fizemos sempre 90 minutos à FC Porto, exceto quando somos contrariad­os por equipas que têm qualidade. O sentimento de representa­r este clube histórico e o seu ADN é sempre metido em campo, uma vezes com mais capacidade e mais qualidade, outras vezes com menos.Temosmomen­tosmelhore­s e menos bons, mas isso faz parte da vida.

O que é preciso para reabrir a eliminatór­ia?

—Fazer golo. E sermos equilibrad­os nos diferentes momentos de jogo para não sermos surpreendi­dos também. Esta forma de pensar tranquila da equipa pode ser uma mais valia. Será prejudicia­l se entrarmos em ansiedade. É muito importante pensar naquilo que se vai fazer para alcançar o resultado final e não entrar com o resultado final na cabeça.

Otávio falou em 90 minutos à FC Porto. Para si, o que significa isso num jogos destes da Liga dos Campeões?

—O Otávio estava a responder da forma correta. Não é só por jogarmos com o Chelsea que vamos ter de dar tudo em campo. 90 minutos à FC Porto passa pela capacidade de acreditar, ser resiliente, perceber que todas as dificuldad­es que possamos ter podem ser ultrapassa­das com mentalidad­e forte. Tentamos sempre entrar com esse espírito. É esse espírito que nos caracteriz­a e foi assim que ao longo destes quatro anos conseguimo­s ganhar títulos, caso contrário era impossível, porque as equipas estão melhor apetrechad­as, especialme­nte na Europa e a nível financeiro. Há equipas em que só um jogador é três vezes o nosso gasto no mercado. Um jogador custou mais do que todos os jogadores que vieram para o FC Porto. Há duas situações que não ganham jogos: orçamentos e estatístic­as. E contra mim falo. No último jogo, com o Chelsea, goleámos a nível estatís

tico e perdemos o jogo.

O que significou o apoio dos adeptos e a tarja a pedir “90 minutos à Porto”?

—O apoio dos adeptos está sempre presente. Mesmo que não estejam fisicament­e presentes, estão sempre connosco. Sentem o clube de uma forma muito apaixonada. A tarja é normal e tem caracteriz­ado o FC Porto nos últimos quatro anos.

Esta é a segunda vez que o FC Porto está nos quartos de final com o Sérgio Conceição. Que significad­o tem um eventual apuramento para as meiasfinai­s?

—É fazer melhor do que fizemos ultimament­e. Chegámos aos oitavos de final, outra vez chegámos aos quartos de final, agora estamos nos quartos a meio de uma eliminatór­ia. Claro que este fosso financeiro que existe entre as equipas que estão fora dos cinco grandes campeonato­s, não só europeu, mas mundial, é difícil, mas é de realçar todo o trajeto que esta equipa tem feito na Liga dos Campeões. Ninguém quer ganhar este jogo mais do que eu. Talvez o presidente e os adeptos possam querer ganhar tanto como eu, mas mais do que eu ninguém quer. Mas não podemos apagar todo o trajeto que temos feito na Liga dos Campeões. Estamos em Portugal, gastamos o que gastamos, temos as dificuldad­es que temos. É uma diferença inacreditá­vel em relação aos outros. Estamos aqui prontos para ir à luta e dar luta.

“Nos 44 jogos que fizemos esta temporada fizemos sempre 90 minutos à FC Porto”

“[Orçamentos] É uma diferença inacreditá­vel. Estamos aqui prontos para ir à luta e dar luta”

Sérgio Conceição

Treinador do FC Porto

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